quarta-feira, 16 de abril de 2008

Imber



São fios.
Fios que se coadunam na perfeição.
Chuva. Som. Cheiro. Toque. Gosto. Divagação. Nostalgia. Não é saudade é nostalgia.
Não sei se já reparaste mas as árvores dançam sempre à chuva. (Como eu as entendo.)

A chuva tem qualquer coisa de maravilhoso. O som simples, martelante, sussurrante.
O cheiro a nada que tão bem reconheço.
O toque esguio, bate na pele e morre.
O gosto... a esse poupo as ilações, gosto de o guardar só para mim.
A chuva é quase como o choro do universo, e sempre que o universo chora eu acalmo esta barulheira que vive dentro de mim.
Gosto da chuva.
Gosto deste sorriso estúpido que ela me dá e que não sei pôr nas palavras.
Gosto de como o tempo passa sob a chuva, é um tempo que não dói. Posso ficar horas neste "nada" e no entanto tive tanto.
Chove. O mundo vive lá fora e o meu mundo continua vivo dentro de mim, mas quando chove... é quase como se uma orquestra se erguesse e tocasse a banda sonora que embala os meus pensamentos.
Gosto destes breves encontros com o saber. É como olhar através de um vidro, temos sempre a tendência miúda de esticar o braço e tentar chegar além... e mesmo não chegando sabe tão bem desenhar com os nossos dedos os contornos daquilo que o olhar sente (mesmo quando não vê).

[sorriso]

Consegues ver aqueles espaços entre a chuva?

São o meu silêncio...

2 comentários:

lampâda mervelha disse...

É um encanto ler-te enquanto chove.
:)

farfalla disse...

espero que não seja só quando chove ^^

_baci_