terça-feira, 21 de agosto de 2007


E é o fim!
Quando a história começa
e os sorrisos se perdem.
Quando duas mãos se tocam
e dois olhares se analisam
tentando entender o que escondem
Quando o tempo voa
e no entanto
nada parece terminar...
Quando o incerto é confortante
e o desconhecido excitante...
E é o fim,
quando o ínicio ainda não chegou...

domingo, 19 de agosto de 2007

Um mero pedaço de mármore


Um mero pedaço de mármore
Planeado, desenhado e concretizado
Muito antes de eu pisar este mundo
Observo-o
De tal forma belo, assim poderoso e impenetrável...
Pergunto-me quantos já o fizeram antes de mim...
Observo,
Os seus traços,
O seu olhar que comtempla o vazio...
Sento-me em frente a ela
Olho as suas mãos,
Assemelham-se a uma concha
Hoje têm folhas verdes,
De um verde brilhante, lustroso
Um brilho que representa a primavera...
O tempo passa
Sinto-me correr com ele
Sem no entanto tirar os olhos desta estátua
Vejo as folhas castanhas do Outono na sua mão
E mais tarde as gotas
Que ficam de uma chuva de inverno....
O tempo passa
E eu vou com ele
Mas ela não...
Ela fica
Enquanto nós continuamos o caminho...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

As luzes apagam-se...


As luzes apagam-se e tu olhas-me... embora não haja luz consigo ver-te com uma clareza que nunca antes havia alcançado. Tiro-te fotografias mentais para nunca mais me esquecer deste momento em que pela primeira vez te vi, depois de tantas outras vezes em que apenas te olhei. Não me quero esquecer de ti, nem tão pouco deste momento, não quero esquecer a luz do teu olhar naquela escuridão. Gosto do teu lado sombrio, não tens que ter medo. Gosto das lágrimas que sinto nos teus lábios, gosto da faísca que vejo no teu olhar. No meio da nossa imensidão ficamos sós e despimo-nos, sem a luz estamos nús, mas eu entendo-te não tenhas medo, despe-o! Já não há luz, só eu aqui estou, só eu te olho, só eu te vejo. As luzes apagam-se e tu não me vês, apenas me olhas, não consegues entender o que está para além do meu olhar. Precisas da luz para me ver e por isso mesmo ambos continuamos sós.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007


Corria o dia y do ano x, começou com chuva. Foi quase como se o dono da meteorologia adivinhasse o meu estado de espírito. Chorava por dentro, um choro que vinha bem lá do fundo, de lá dentro, daquele sítio que sabes bem qual é… aquele que ama, odeia, guarda memórias e sonha com as que virão, isso mesmo aquele sítio a que chamam coração. Ele acordou a chorar. Não, não lhe perguntei porquê, isso apenas faria com que acordasse aquele outro sítio onde habita a razão, isso mesmo o cérebro. Não quis saber qual a razão… mas eles comunicam… o cérebro é um sítio complicado que gosta de indagar acerca das coisas por isso assim que se apercebeu começou a questionar o que se passava com o seu amigo coração. Cedo se apercebeu que tudo se devia aquela maravilhosa palavra que só os portugueses proferem, saudade. Saudade? Mas saudade de quê? O pior é que o coração é aquele sítio indeciso… que apenas sente sem se perguntar seja sobre o que for… o diálogo é complicado como sabem…

O dia y passa lentamente, o canto da sua chuva embala as lágrimas do coração. Enquanto o cérebro insiste em não parar.

Final de tarde, a chuva pára, algures num momento ficou decidido que eu iria caminhar á beira-mar. Fui. Molhei os pés e sentei-me na areia fria da chuva e da água que a beija constantemente. As lágrimas voltaram, senti-as quentes enquanto deslizavam pelo rosto, coração e cérebro deram as mãos enquanto o pôr-do-sol começou a cair, senti algo que me invadiu, uma certeza repentina… Sorri… posso até chorar sem saber porquê, o meu coração e o meu cérebro podem inclusive levar a cabo batalhas infindas mas a verdade é que sou vida, recheada de momentos, momentos que me fazem feliz…

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

tic tac

Abro os olhos a luz incomoda-me e por isso mesmo sou obrigada a fechá-los de novo. Sou alertada não por um som mas pela falta dele, procuro na cama o vestígio de uma presença, nada, está apenas gelada. Abro de novo os olhos lutando contra a luz, tento olhar em volta mas fico presa na sombra de uma estrela que dança na parede, fecho os olhos de novo porque não aguento mais. Um flash traz á memória um beijo violento, abro os olhos repentinamente, o que se passou? Não me lembro deste beijo e no entanto senti-o tão real… mais uma vez a sombra, oscilando esquerda direita como o tic tac de um relógio. Fecho os olhos e de novo uma visão, foram beijos, abraços, arranhões violentos que me rasgaram a razão. Dentes que ferravam carne fervilhante de prazer, lábios que se cerravam para não soltar os gemidos que se debatiam para sair, palavras que se dirigiam não ao ouvido mas aos poros que lhes reagiam estremecendo e contorcendo-se. Abri de novo os olhos, conseguia sentir… inalava aquele cheiro a prazer, pecado saboroso, sentia ainda nos meus lábios os daquela outra pessoa sem rosto, porque não me lembro? Ansiava por entender o que se passava. A luz continua a incomodar-me, mais uma vez os olhos fecham e aquela imagem surge, um olhar pousado em mim, tentava fugir-lhe mas ele insistia atracar em mim, soltava faíscas sempre que se cruzava com o meu, sinto ainda o desconforto de o ter sobre mim colado no meu corpo. Tento insistentemente que me abandone e por isso mesmo as minhas mãos pousam sobre os seus olhos, é agora a sua boca que me procura, fujo para que não me sinta. Atraca nos meus seios, ferra-os de tal forma que não consigo evitar o grito que se atropela subindo a espinha em direcção aos meus lábios, beijo-o para que sinta a ebulição que emana do meu corpo, afasta-me segurando a minha cabeça para que possa assim observar-me mais uma vez. O seu olhar é demasiado pesado para que o consiga suportar tento escapar mas estou de tal forma envolvida que raciocinar não é uma hipótese, estamos colados frente a frente, as minhas pernas entrelaçam-se na sua cintura e as minhas mãos perdem-se nas suas costas. Olha-me ainda, empurro o meu corpo para trás e encosto as minhas mãos nos seus joelhos para que não me alcance, mas ele não deixa, sinto o peso das suas mãos nos meus ombros puxando-me para ele, para aquele corpo sem rosto, não consigo vê-lo e por isso mesmo não suporto que veja a nudez da minha alma o desejo está tão eminente que não consigo parar de estremecer, sinto o seu arfar quente no meu pescoço e mordo os meus lábios para que não gritem de prazer, sinto o meu coração palpitar em sintonia com todo o meu corpo, quero agora olhá-lo mas estou tão longe que já nem sei comandar o meu cérebro. Respiro, limito-me a respirar já que tudo o resto me é agora alheio, solto um gemido furtivo e sinto-o sorrir, sei que sorri sem que precise olhá-lo, debruço-me sobro o seu peito e ferro os meus dentes nos seus ombros para que assim sinta tudo aquilo que já não consigo controlar, cravo as unhas nas costas daquele corpo sem rosto e sinto a sua língua nos meus seios desenhando círculos perdidos, seguro-lhe a cara e atraco na sua boca, mordo-lhe os lábios para que melhor me sinta estou quase a explodir, sinto as suas mãos percorrendo-me as costas com as pontas dos dedos estremeço e sinto agora que os meus olhos se querem abrir, ordenam a todo o meu corpo que execute essa ordem, sinto as pálpebras abrirem lentamente para que dêem espaço a que o prazer se revele também… abro os olhos e sinto ainda o sobressalto que consome o meu corpo mas não encontro nada apenas a mesma sombra daquela mesma estrela balançando, tic tac, tic tac…