quarta-feira, 9 de junho de 2010

Pica Bu


uma voz perguntou "Como desaparecer completamente?"

Eu disse: "Tapas os teus olhos, como fazem as crianças quando brincam ao cúcú"...

Os acordes ouviam-se ao fundo... e senti-me entrar num outro mundo... um mundo em que brincar era o centro da existência

Imaginar mundos outros, fantasias incoerentes...
subir a uma árvore e fazer do ramo o meu navio
empurrar o baloiço e abrir os braços como se estivesse a voar...
roubar as roupas da minha mãe e pintar-me... fingir que era "grande"

Pensar tardes inteiras em quem ia ser quando crescesse...
Onde ia estar...

E no rodopio de uma canção... de livros... se passaram horas, dias, semanas, meses, anos...
E cresci... longe de tudo o que imaginei... apenas perto da fantasia.

24 anos que correm furiosamente rumo aos 25... e só a fantasia se mantém... as tardes perdidas olhando um horizonte que pinto com histórias sem sentido que guardo só para mim, que pinto apenas com as minhas cores...

E se fechar os meus olhos... continuo a fantasiar que ninguém mais existe... apenas eu, no meu mundo do nunca... que sempre ficou.



imagem retirada do google

sábado, 5 de junho de 2010

Tre


voz imperfeita, como imperfeitas são as razões de se ser. estar.

Ouço um som imundo perdido por entre flashes epilépticos. Indirectos. Inodoros.

Repulsivos, ainda.


Quero lama no meu banho

Quero terra no meu peito


Quero fins para que haja um início.


Quero o vício, aquele vício antigo de caminhar de peito aberto pelo caminho de outros.


Mas a condição é situação de desunião de mim comigo.
imagem Misha Gordin