quinta-feira, 30 de junho de 2011

Lief vir my


Prendi-te no corpo em desejo de sentidos... o teu respirar no meu pescoço...exactamente na dobra que se estende até ao ombro. Desejo que nele te pouses...que pouses em mim todo o peso que te acompanhou nesta fase...ou a leveza se for caso disso. Sinto a força dos teus braços prendendo-me pela cintura, em carinho. Os teus olhos que se debruçam sobre mim em amor... Tenho sempre medo de pronunciar esta palavra.É mágica... com o poder de nos elevar ou enterrar... Mas sinto-a em todos os meus poros quando te olho... mesmo quando me irritas ao ponto de te odiar é o amor quem me eleva a voz. Só discuto com quem realmente amo e foram poucas as pessoas com quem discuti até hoje...

Sinto-me uma miniatura sempre que me aninho em ti... não por ser pequena ou tu grande mas porque, no teu peito, sim o teu e apenas o teu, sinto que nada me pode tocar, não há bichos papões, dragões, lobos, maldades ou medos. Apenas eu tu e o compasso do teu coração. Sei-o de cor. Faz-me falta todas as noites que encosto a face à almofada... Fazes-me falta. Falta que se sobrepõe em tijolos que formam um forte no canto esquerdo do meu peito. Pesa-me tudo o que sei. Tudo e tanto do que entendi entretanto, do que vi, do que li, do que escolhi acreditar e do que escolhi esquecer... entretanto... de entre tudo.

Desculpa se calo tanto, mas estiveste sempre comigo escondido na segunda cova do lado esquerdo do meu sorriso. Mesmo quando não me ofereces as palavras que gostaria. Mesmo quando te esqueces que sou frágil...

Ouvi algures numa música; "Home is not a house but a feeling". Digo-o agora sem dúvidas aninhadas. Tu és a minha casa, quente e viva... Na ausência fundi todas as dúvidas, descompassos e alguns medos para desenhar uma chave... Espero que não tenhas trocado a fechadura na minha ausência...Sei que fui eu quem a quis, sei que fui eu quem a escolheu... Mas eu sou assim, imperfeita. Acordo irritada, não gosto que me observem porque me deixa nervosa, e quando estou nervosa rio... não partilho os meus medos porque acho que me tornam mais fraca, idealizo tudo demasiado, apanho boleia nas nuvens que passeiam pelo céu e viajo em encontros por silêncios que não sei dividir. Gosto de massa mais que qualquer outra coisa, roo as unhas, acho que tenho os olhos muito pequenos e que visto dois números acima daquilo que gostaria, sou maioritariamente confusa, vaga, distante e deambulante. Odeio ficar de alma nua (como agora).

Sou imperfeita. Preciso escangalhar as coisas para as entender, dilacerar... mas estou perto de terminar o meu puzzle...

Há frases que ditas na tinta de outros se tornam nossas...

"quantos restos de ti fazem parte de mim" - escreveu ela.

Sou tão tua [por entre eles] quanto se pode ser de alguém, e esse é o detalhe que mais me dói.

Deixo sempre que o ar me leve, muito ar, demasiado AR, eu sei, mas eu não sou perfeita. Still... I FLY

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Res non verba


Sozinha comigo, em mim, divago entre espaços vazios que pairam entre reticências.

Cada reticência é um conjunto de pontos finais que se coadunam esperando um resto.

A banda sonora não é minha, mas ecoa sob a minha voz, canto palavras que não escrevi mas sentidos que reconheço...

Caminho por entre apetites que me habitam e me consomem em nulidades de sabor...

Encho a banheira, espuma e bolhas saltitam por entre azulejos, quero água que me queime a voz, que me ferva o peito, que me consuma a mente. Calor que me ocupe e se propague pelos espaços vazios que pairam em mim...
Trago comigo o copo com néctar a veludo, que deixo a um canto enquanto mergulho na pequena nuvem aquecida...
Ouço frases soltas por entre refrões e nos entretantos dos sorrisos mudos deixo que as pontas dos dedos sintam o toque frio das torneiras [Arrepios]

Momentos egoístas que gasto comigo em silêncio.

"Come closer, come and stay with me now, help me to reconcile, come and stay a while(...) And I will find a house, because we love till the end..."


Mostro-te restos que não vês porque escolhes não ouvi-los. Tenho pesadelos no ouvido direito e sonhos que me escorregam pela nuca. Exorcismos que se cruzam em pequenos pestanejares que se espalham pela face.

Passeio os dedos pingados pela base do copo semi cheio com pequenas marcas que escorregam pelo interior... O vinho engrossa a paixão e brinda a saudade.

Escrevo pensamentos, sentimentos, verdades e mentiras em tiras de papiro conceptual, e rasgo-as logo de seguida... amasso e desarrumo tudo para que possa depois organizá-los devidamente... Brinco com cronologias e faço analogias de sentidos. Estico a razão e encolho o coração.

Sou complexa nesta simplicidade que me conheço... Vivo dias que são anos e horas que se mirram em segundos.

Apetece-me esticar até ti, como se estivesses na ponta oposta a mim, e sussurrar-te ao ouvido as pequenas doses de mim que se enrolam na tua memória. O cheiro, o sorriso, o sabor... E perder-me no silêncio da resposta.
Sou tão pequena neste momento que caber-te-ia facilmente na palma da mão... a mesma com que me tocas, a mesma com que te tocas, a mesma onde cravei um dia sonhos e desejos... a mesma que fechaste sem deixar que algo dela escorregasse.

Ergo o copo num último travo e deixo que a última gota me escorregue pelos lábios... um brinde.

Quando esmifras tudo o que vês, és feliz com o que conheces?

Quando drenas todo o teu sangue, és feliz com o que fica?

Quando esvais todo o desejo, és feliz com o que te resta?

Quando apagas toda a indecisão, és feliz com o que escolhes?

Sou feliz no vago espaço desta reticência abandonada ao silêncio do calor que se banha de veludo entre os espaços vazios, que hoje escolhi para mim, porque sim...

imagem retirada do google