segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Quantas....




Quantas sou?

Quantas tenho?

Quantas delas são verdadeiras?

Quantas delas eu invento?

Quantas?
Uma...duas...cem...meia...?

Quantas?

Quantas delas vocês me deixam ser?

Quantas?
Onze...doze...treze...meia?

Quantas delas cantam?
Quantas delas dançam?
Quantas delas são? Digam-me! Quantas??


Quantas delas me fazem ser?

Quantas?
Trinta...meia...três?

Quantas delas sabem ser?
Quantas? Alguma??

Quantas delas são verdadeiras?
Quantas delas cantam?
Quantas delas são?
Quantas delas vocês me fazem ser?

Quantas delas vocês me fazem ser?
Quantas delas VOCÊS me deixam ser?
Quantas?
uma...

meia...

nenhuma...?

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Mas hoje choveu..


Durante todos estes anos ela foi quem a fizeram. Olhava, respirava e agia consoante o que sempre lhe disseram para fazer. Mas hoje choveu... e hoje ela soube, sozinha, o que tinha de fazer. Soltou o cabelo...tirou os brincos, o espartilho e o vestido. Estava a chover e ela, apenas, sabia que o tinha que fazer. Perdeu os sapatos e as meias enquanto começava a correr, não olhou para trás, ela sabia que tinha que o fazer.
...
Correria... Suspiro... Ofegante... Respiração trava... mais perto... a chegar... "Sei que o tenho que fazer!"... Grita!...Ri!...chão...terra...lama...

Hoje estava a chover... e eu sabia que era isto que tinha que fazer...

pés... chão...lama..
chuva...dança...molhada...ri...dança...ri...molhada...lama...rodopia...toca...sente... Hoje estava a chover e ela soube o que tinha que fazer...

Hoje ela foi ela... Estava a chover...e hoje ela foi...ser...

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Rádio...


Era um rádio perdido e um som apagado. No cantinho ele lá estava, velho e coberto com pó. Já não lembro a última vez que tocou... mas tocou... tocou bastante. Para mim, para a minha mãe e pai...irmão...avós, tios e primos. Escondi-o no cantinho no dia em que parou de tocar...perdido...apagado...esquecido...

Pára! Pára esse som por favor! Não toques! Não me apetece ouvir-te hoje! Quero-te longe! Longe...longe... mata esta razão rodopiante que rompe o sentimento, que trava o acontecimento. Pára! Pára de tocar por favor...

Porque não és como o rádio perdido que, quando se esquece, o som fica apagado? Porquê??
És o silêncio mais barulhento que alguma vez não ouvi!
Pára!! Quero ouvir outra coisa... pelo menos uma vez...

Deixa-me rasgar este corpo que me afoga... me rouba o ar! APAGA-TE!!! Por Favor!

Porque raio o cérebro não é apenas um rádio??

...

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Aquela...


Vês aquela lua ali? Aquela onde o sol já não chega, aquela onde pousas o choro, aquela, aquela! Vês?

Aquela onde só está metade, aquela que edificas e expulsas, vês? Aquela...!

Aquela onde acalmas o vento e semeias a tempestade... aquela ali... não vês?

Aquela que queres alcançar mas não consegues, aquela que plantas mas não nasce, semeias mas não cresce! Aquela... vês?

Aquela a quem traças o trilho e ela não segue... aquela! Não vês?

Aquela a quem cantas de voz desafinada, aquela a quem beijas de madrugada, aquela por quem chamas de dia... não vês?

Porque estás aqui então??

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Estranho...


Estranho é o caminho que sigo

Estranho é o caminho que digo

Estranho como o que nos rodeia

Estranho por ser estranhamente familiar...

Estranho é o caminho ser longo, mas não eterno...

As reticências que se escolhe não retomar,

os pontos finais que se colocam,

as exclamações e as interrogações perdidas pelo meio... Estranhas...

Os carrocéis em que escolhemos andar...

rápidos, intensos, mas rodam apenas sobre si mesmos, não me fazem avançar.

As montanhas russas de tanto me assustarem fazem-me crescer... mas isso são caminhos feitos por outros...

O meu caminho é estranho... estranhamente estranho de tão familiar....