quinta-feira, 27 de maio de 2010

Due


Sim. Não. Talvez. Não sei.

Mecânica. Repetitiva.

Repito sons aos quais já não atribuo significado porque são banais. mortos. nojentos.

Bolhas.

Como se o restante mundo vivesse numa bolha e a minha jamais cruzasse caminhos.
Como se tudo fora de mim fosse um vazio por não haver sentimentos iguais.
Como se fosse existência sem vida, marioneta, boneca de porcelana partida.
Borboleta negra de tentar chegar ao sol e de asa partida por voos errados...

Árvore que apenas existe para um só local... e mover-se não mais que sob o sabor do vento.

Espero que ela venha, porque me parece mais certa. Sempre senti que lhe pertencia e cada vez mais quero que se apresse.

Se um rasgo voasse pela minha janela...
Se um som me soprasse no peito...

Se eu não fosse eu... talvez alguém fosse feliz.

imagem retirada do google

terça-feira, 18 de maio de 2010

Apud


havia um tempo, perdido no tempo do algures.. onde nenhures existia.

Cabia ao som marcar o compasso do passar... mas nada passava... trespassava eventualmente.

haviam caminhos sem trilho... passos sem marca...

deixámo-nos em compassos errados e errantes. escolhas desencontradas e quartos que queimam ao sabor da lentidão de um corpo que se funde.

Quem éramos no silêncio?
Quem fomos no fogo?
Quem somos na cinza?

havia um tecido que me abraçava em sentimentos não partilhados
e mãos que se colavam no invisível.

onde estão os restos?
onde guardas os segredos?
onde gritas os medos?

inverto o mundo e escolho o céu como chão.
deito a mão ao mar, acima de mim
e mergulho em voos de oceano
onde os peixes voam e as aves rastejam...

inverter o que sinto e nem no inverso encontro o fim

vou ao fundo do peito cérebro... torço-me em mãos de ossos... e continuas a soar-me a violino de peito quente...

se o tempo fosse outro
se o som fosse morto
se a voz do silêncio abafada...

estaríamos?

continuariam a ser as palavras do silêncio as que mais saudade deixariam?

Se não fosse eu, nem hoje
Nem tu, antes
Seriamos assim?
Estaríamos lá? Onde o chão está sempre 2 metros abaixo de nós?

Talvez no enfim, sem fim mas finalmente...
Onde a mentira é reticência de um final...

imagem retirada do google