quarta-feira, 17 de março de 2010

Q


quero chorar num peito que não é o meu
num choro que não se ouve
num sonho que não se perdeu

quero dormir numa almofada sem o meu cheiro
num sonho raiado a luz
num suspiro que não ouço

quero aninhar-me num chão que não tenho
num frio que não existe
num morrer que vive

quero ver-te num tempo outro
num momento preso
num sentimento difuso

quero rasgar a dor
comer-lhe o coração
pisar-lhe o olhar

quero ser um não querer
inerte na dor
morto no saber

quero não ser eu agora
não voar de pés no chão
não sentir o mundo nos olhos
não te ver de olhos fechados... em todo o lado

2 comentários:

lampâda mervelha disse...

Negro

Apetecia-me riscar-te a negro

Pintar-te para não te ver

Cego

A negro manto

Esta dor

A Dor

Ei-la

E como domino, no instante

E como saboreio, a própria, tu.

Amar, é ódio.

Palavras, vãs

Insípidas.

Negro, de luto

De chegar a bom termo, eclodir no próprio olhar.

Negro, de tudo

De mim,

Para mim

Em toda a linha que me divide

A fronteira

A sós.


25-11-2006

C.I.A.A disse...

Obrigada (:

gostei mesmo!
tens força nas palavras*