
Guardei-te debaixo da almofada.
Sem som. Preto e Branco. Filme.
slide esquecido algures.
Passaste por mim entretanto, mas não vi, ou não quis.
Hoje não deixaste que não te visse tocaste-me enquanto passava.
suspiro por entre o sangue quente que percorre o corpo...
escadas. quarto. porta. canto.
encostas-me no canto do quarto escuro, encurralada.
ajoelhas-te pousando a mão no pé nu de sapato perdido algures no degrau,
sobes em compasso reticente de quem não aceita deixar o momento morrer.
beijas-me o joelho e sobes...
mão, peito, ombro pescoço em sopro de sangue quente
boca
brincamos de lábios abertos enquanto as mãos exploram espaços outros.
subo em compasso de tic tac a tua espinha, enterro a mão no cabelo
suspiro no ouvido
beijos, unhas, carne, som, sabor...
ficamos colados em êxtase prolongado. sem olhar. sem falar. apenas colados em slide preto e branco de memória perdida na gaveta cósmica de um tempo em ampulheta suspirada.
imagem retirada do google