tag:blogger.com,1999:blog-41447477746396249432024-03-13T15:19:52.538+00:00boneca de porcelana em casulo de borboletaum espaço aberto a divagações...tuas, minhas...inspira-me e inspira-te comigofarfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.comBlogger132125tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-67641964280775820512017-05-29T23:22:00.000+01:002017-05-29T23:22:08.030+01:00AmorOlha amor o tempo passa. Passa por mim e por ti, só temos que ter cuidado para que passe de maneira eficiente por nós. Às vezes ainda te vejo, já não és igual, eu também já não sou igual. Às vezes ainda te procuro, pelo antes, o que sinto falta.<br />
<br />
Olha amor tudo acaba, hoje amanhã ou daqui a muitos anos depende de nós. Não tenho saudades de ti, tenho saudades de coisas tuas, viste-as?<br />
<br />
Olha amor continuo a ver-te quando dormes, nesses momentos és sempre quem sempre foste, não mudas, estás tu. Tu já não me olhas no sono, não me velas, não me acompanhas, antes até carícias tinha a dormir...<br />
<br />
Olha amor ainda aqui estou, a empurrar-me para a frente mesmo quando sinto a vontade vacilar. Um dia ficarei para trás e mudarei de direção. Não fiques no meu caminho, não quando foste tu que me afastas-te do centro do teu.<br />
<br />
Olha amor tudo acaba, até o que não começou.<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a><br />farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-10509939721876775902013-10-16T20:38:00.001+01:002013-10-16T20:38:55.445+01:00Night Air <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-qfPcFssUVaI/Ul7rMSR1OeI/AAAAAAAAA74/1jjeR9wuaUU/s1600/Agnieszka+Motyka+-Of%C3%A9lia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="286" src="http://4.bp.blogspot.com/-qfPcFssUVaI/Ul7rMSR1OeI/AAAAAAAAA74/1jjeR9wuaUU/s320/Agnieszka+Motyka+-Of%C3%A9lia.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
O som.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O acorde.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O ritmo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
São como corda para o
movimento. Ainda que o corpo se resigne a mente não.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Por vezes basta uma música.
A banda sonora da minha vida, os momentos que acenderam e apagaram ao longo
destes poucos mas tão longos anos…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Há as músicas que lembram
o passado, momentos específicos, que por elas foram acompanhados ou mesmo
criados, e depois há as que apelam ao recôndito da memória, as que vasculham
por entre nós e tiram da poeira caixotes que armazena-mos ao longo do caminho. Gavetas
desarrumadas, folhas soltas. Sons, palavras, toques. Tudo o que passou e ficou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Noite, música e memórias.
Intoxicações etéreas, rasteiras.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E sempre de todas as
vezes a vejo, a menina que se aninha ao fundo da cama, de cabelo emaranhado, pijama
dois tamanhos acima, de ursinhos, ouvindo as músicas e as histórias que quer
viver, que quer sentir… se ela soubesse, se eu lhe pudesse dizer, explicar,
onde ela irá, onde chegará, o que viverá. Se eu pudesse dizer-lhe que vai ser
tudo tão rápido e fugaz, se eu pudesse sussurrar-lhe ao ouvido tudo o que agora
sei… teria sido diferente? Teria o mau sumido? O medíocre sido ignorado e o bom
repassado?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Por vezes a única coisa
que parece fazer sentido é fechar os pensamentos em cofres e deitar a chave
fora. Mas não desaparecem, nada na verdade desaparece, pausa-se.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E ela continua lá,
bebendo tudo aquilo que deseja, tudo quanto quer ver, ser, viver. Tão doce e
inocente. Se eu pudesse sentar-me ao lado dela… Vejo-a, sinto-a, vivo-a. Escorre-me
por entre os dedos, todos os momentos em que não soube fazer com que fosse
diferente…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Corro pelo labirinto dos
pedaços perdidos por entre as folhas de papel, o pó que não esconde o que foi
escrito, dito, feito. Como uma traça atraída pela luz, tentando sempre voltar
atrás, apanhar os pedaços, reconstruir os passos… uma vez e outra mais. A tentativa
banal de me deixar entorpecer pelos momentos, outros momentos quando na verdade
acabo sempre por voltar ao mesmo ponto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E ela continua sentada
bebendo da vontade irracional de saber onde irá… se eu pudesse sussurrar-lhe ao
ouvido para esperar mais um pouco… saborear mais um segundo.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Do lado de cá do espelho
abraço-me em solidão e vazio sorrindo-lhe por saber que ela ainda irá dar os
passos que eu já tracei…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=EL0pTo9Z_XU">http://www.youtube.com/watch?v=EL0pTo9Z_XU</a></div>
farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-62867354610200208472013-03-04T17:03:00.001+00:002013-03-04T17:06:52.088+00:00Meio<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-UrYSGNZEsPA/UTTUk0xOHRI/AAAAAAAAA44/gw8CgaKMzZ8/s1600/and1book22jpg30.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-UrYSGNZEsPA/UTTUk0xOHRI/AAAAAAAAA44/gw8CgaKMzZ8/s400/and1book22jpg30.jpg" width="275" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
A árvore era verde. O
baloiço era feito de papoilas. Vesti o vestido azul, porque é da cor dos
sonhos. Baloicei ao ritmo dos pensamentos. Aqueles que saltam do lado esquerdo para o
direito sem que se centrem, sem que deixem que os centremos. Na verdade a culpa
é nossa… não os queremos centrar, concretizar. Deixamos que saltitem de lado
para lado, como crianças que não têm que pensar no que ficou para trás, no que
virá. Aqueles pensamentos que não queremos ter, as lembranças que queremos
apagar, as palavras que não queremos ouvir, as verdades que não queremos dizer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
[Suspiro]<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Anatomia do esquecimento.
Esqueço o que não quero, lembro o que não me apetece.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Esqueceste-me?
Esqueces-me? Esqueci?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Balouço para trás e para
a frente, ao compasso das memórias que vão dançando no movimento. Inclino-me e
deixo que o corpo quase roce o chão… abranda o ritmo. De olhos fechados lembro
o cheiro a laranjas, as laranjas que caiam quando baloiçava na árvore do
quintal. Já não existe e a memória está tão longe… talvez à distância de 7300
dias, 175200 horas… tempo, ainda que não seja a sua real medida aquela que
escolhemos dar-lhe. O relógio marca sempre o mesmo compasso, matematicamente desliza
os números em sequência, 24h por dia. Assim sendo porque nos custam algumas horas
a passar mais que outras?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
[Suspiro]<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Voa-me o tempo por entre
o balouçar lento e o meu cabelo entrançado que raspa o chão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Vejo a Alice sentada no
galho e o gato que ronca ao seu lado… o tempo em que chegaram não existiu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Alice: Meio cheio ou Meio
vazio?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu: Não acaba por ser a
mesma coisa?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alice: Nop. Diz a teoria
de que meio cheio é optimista e meio vazio o pessimista.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu: Não concordo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alice: Como não?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu: Pode estar meio cheio
de nada e meio vazio de tudo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alice: Isso não faz
sentido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu: Nunca disse que
fazia, são apenas perspectivas, como o optimismo e o pessimismo. Sempre fui
mais pessimista que optimista.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alice: Porque?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu: Parece-me mais real ser pessimista.</div>
<div class="MsoNormal">
Alice: Porquê?</div>
<div class="MsoNormal">
Eu: Dói menos
esperar pouco. Porque na verdade esperas, tens uma expectativa, mas se a
contorceres a ponto de fazeres com que o que esperas sejas mais seguro não te
dói tanto quando não acontece.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alice: Mas e se
acontecer?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu: Se acontecer ficas
duplamente feliz por que supera as tuas expectativas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alice: Já me tinha
esquecido de como és depressiva.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu: Realista.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alice: A realidade tem
coisas boas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu: Não disse o
contrário, mas a realidade nunca consegue atender ao que esperas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alice: Talvez esperes
demais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu: Talvez…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alice: Quem esperas?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu: Quem já chegou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alice: Meio cheio?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu: Meio suspenso nos
nadas que me enchem, meio vazio nos tudos que me vão faltando.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alice: Meio com Meio faz
um cheio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu: Talvez…<o:p></o:p></div>
farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-47362263910350397422013-02-21T19:34:00.002+00:002013-02-21T19:39:34.724+00:00Para o meu primeiro Amor!<br />
<div class="MsoNormal">
Quando for grande quero
ser como tu!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Quero dar um porto seguro
a um pedaço de mim tal como fizeste. Fazer com que alguém exista e ajudá-lo a
ser alguém nos pedaços do tempo que passam por nós.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Só tenho amor para te
dar. És uma força, um exemplo. E eu Amo-te na forma mais pura do Amor. Amo-te
tanto que consigo ser a maior chata do mundo e não largar a tua saia,
literalmente! Espero um dia ser para alguém aquilo que sempre foste para mim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O calor do colo, a
sabedoria dos conselhos. Sangue, suor e lágrimas, se preciso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Podia escrever um livro
com histórias nossas, nem todas bonitas, mas nossas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Amor que não espera nada,
brota de mim em pureza e calor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sinto saudades tuas todos
os dias, nem que seja para ouvir um ralhete.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Poderia dar-te os
parabéns todos os dias, porque és minha mãe, mas porque hoje és bebé também,
Parabéns Mamã.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-QNSHcqtiS8g/USZ2sr3A_wI/AAAAAAAAA4M/sTKdEjL09Z8/s1600/406687_2530334863009_1392627416_32273453_913991523_n+(2).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-QNSHcqtiS8g/USZ2sr3A_wI/AAAAAAAAA4M/sTKdEjL09Z8/s1600/406687_2530334863009_1392627416_32273453_913991523_n+(2).jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Amo-te!<o:p></o:p></div>
farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-37337518395900278802013-02-02T21:45:00.000+00:002013-02-02T21:48:29.525+00:00Exoresquece<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-JYrdSKCyaOc/UQ2HsRDuCjI/AAAAAAAAA38/88TQFwES2dk/s1600/Herodiade_Elizabeth_018_cropped.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-JYrdSKCyaOc/UQ2HsRDuCjI/AAAAAAAAA38/88TQFwES2dk/s320/Herodiade_Elizabeth_018_cropped.jpg" width="289" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-size: xx-small;"><b><i><span style="color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif;">“exorcizar</span></i></b><i><span style="color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-size: xx-small;"><i><span style="color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif;">v. tr.</span></i><i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-size: xx-small;"><i><span style="color: #999999; font-family: Verdana, sans-serif;">1. </span></i><i><span style="color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif;">Pronunciar exorcismos para
expulsar demónios ou espíritos do corpo de. =</span></i><i><span style="color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-variant: small-caps;">ESCONJURAR</span></i><i><span style="color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif;"><o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<i><span style="color: #999999; font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: xx-small;">2. </span></span></i><i><span style="color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: xx-small;">Bradar como quem esconjura.”</span><span style="font-size: 8.5pt;"><o:p></o:p></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Exorcizar como quem
esquece. Pestanejar, processar e esquecer tudo o que se nos apresenta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Pequenos
exorcismos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Choro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Gritos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Suspiros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Orgasmos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Caminham connosco
nem sempre, mas muitas vezes, ao mesmo ritmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="EN-US" style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><b><u>“Life doesn’t get easier, we just get
stronger”</u></b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Crescemos em
exorcismos paralelos. O leite materno, a chupeta, o colo, a resposta imediata
ao choro, as rodas sobresselentes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Nem sempre é fácil
seguir em frente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Acredito que nunca
é fácil crescer. Exorcizar da memória a lembrança da primeira dor, a primeira é
sempre a pior, a que rasga, a que, quase sempre, deixa a maior cicatriz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Primeiro estalo,
primeira queda, primeiro medo, primeira desilusão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Exorcizar a dor de
quem deixamos para trás para poder seguir em frente. Esquecer o nó que se cria
no peito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Exorcizar a memória
de quando deixámos que retirassem as rodinhas que suportavam o pneu traseiro da
bicicleta. Porque queríamos uma maior… Ou apenas porque faz parte do processo
de crescer. Evoluir. Caminhar em frente, não retroceder.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Exorcizar quem
desaparece do nosso dia a dia. As memórias que nos ficaram delas. Exorcizar para esquecer, exorcizarmos do
corpo um pouco da dor de saber que não há corpo para abraçar, voz para
ouvir. Exorcizar que mesmo quando o corpo está por vezes o resto já partiu.
Exorcizar que erros são cometidos ao longo do caminho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Exorcizar não será necessariamente
esquecer, mas alivia a tensão do corpo, treme a alma e fá-la entender que tem
que se reajustar, encontrar o seu espaço, o seu ritmo, mais uma vez.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Não. Exorcizar não
é esquecer. É seguir em frente, tremer, chorar, e guardar o que ficou para
continuar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Não, a vida não
fica mais fácil, mas a verdade é que nos tornamos bastante mais fortes no
caminho.<o:p></o:p></span><br />
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span>
<span style="color: #333333; font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: xx-small;">Imagem de Dança Contemporânea retirada do Google.</span></div>
farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-28923931191364784612012-12-10T18:38:00.001+00:002012-12-10T18:38:19.328+00:00Agro Dolce<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-tAglIvgWfR8/UMYr73TApyI/AAAAAAAAA3o/ySZG0akP2FE/s1600/imagesCA4BAO7Z.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-tAglIvgWfR8/UMYr73TApyI/AAAAAAAAA3o/ySZG0akP2FE/s1600/imagesCA4BAO7Z.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
Ela dançou, na ponta dos
pés, no meio do campo de milho. Não havia o medo, não havia a tristeza a dúvida. Só ela, e os pés que se
esgueiravam pelo meio das folhas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O amor agri-doce. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A doçura de acordar de
manhã, e olhar quem se ama dormir. Sem voz, sem gesto, apenas a doçura do
sentimento espalhada em nós, por nós. Atada àquele que baptizaram de coração. Aquele
que impõe e nos faz sorrir em delícia sincera.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O agri dos momentos
azedos, das eventuais lágrimas salgadas que se passeiam pelo rosto e se
espalham como chuva que cai no chão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Amor doce não existe por
si só. Inexequível. Quem ama discute para crescer, porque ama, porque sente.
Não há amor de mel, apenas mel com limão. E quando o limão se espalha com o seu
travo azedo pela nossa boca, quando o sentimos na nossa pele e inundar os
nossos olhos de tudo o que há de menos bom… o mel abraça-nos em espessura e doçura.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Foi assim que cresci. Agri
doce. Capa azeda, recheio doce. Com tudo o de mau que me deram e que me deu um
recheio mais quente, mais encorpado. Real.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Chocolate com pimenta. O açúcar
que se derrete na boca e a pimenta que estala na língua.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Quando era pequena ela
dançava, sozinha, escondida. Não pensava, apenas dançava. Ouvia e sugava sem
partilhar o que dela brotava, tudo o que dela emanava. Com uma capa recheada de
sorrisos, aninhada em normalidades banais ela sabia que a verdade estava
naqueles momentos em que fugia de tudo, todos, e se escondia no campo de milho
e se deitava emoldurada por todo aquele verde. Contava pássaros, borboletas,
animais em nuvens. Cantava sem que ninguém ouvisse. Era feliz e inteira no
espaço destes nadas que a faziam feliz. E dançava, quando ninguém a via, quando
ela era o seu único centro e nada estava dependente do que ela fazia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Hoje sei que tenho mais
de doce, embora o azedo exista. Ainda danço descalça pelo chão quando estou
sozinha em casa. Mas hoje sei que partilho o que sou, quem sou, em agri doce. E
não há nada melhor que um abraço que seca lágrimas e um peito que apaga mágoas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não é tudo, mas é amor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sugestão Musical: http://www.youtube.com/watch?v=ssdgFoHLwnk</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Imagem retirada do Google</div>
farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-51781869106560233962012-07-18T22:03:00.003+01:002012-07-18T22:03:50.593+01:00Inverno<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-RXE6YKwHWVU/UAckcNTtd8I/AAAAAAAAA3U/fab2h_Jjq1c/s1600/klimt-gustav-serpentes-d-agua-ii-c-1907-detalhe.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-RXE6YKwHWVU/UAckcNTtd8I/AAAAAAAAA3U/fab2h_Jjq1c/s320/klimt-gustav-serpentes-d-agua-ii-c-1907-detalhe.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
O frio embrulha-se na
pele. Como se esta não fosse suficiente. Como se não fosse uma proteção. Como se
esta não existisse. Infiltra-se como se chegasse aos ossos. Eriça. Excita. Como
o eterno lugar comum, o gelo que queima.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Escolho um casaco de lã,
embrulho-me como se fosse para a rua. A rua que fica do lado de lá da janela. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Olho, o fim de tarde que
se desenha no horizonte. O mar. O vento. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Inverno<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Estação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Passado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Músicas antigas, bandas
sonoras de filmes que são também o passar de histórias minhas, comuns.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Os sorrisos serenos de
quem vê de longe. Quem recua no tempo. Sente o que já passou, como se estivesse
ao meu lado. Vivo. Do lado de dentro do vidro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A cada letra uma imagem
que se desenha do lado de dentro do peito, por baixo da pele, no negro da íris.
Abraça-me em forma de gelo, gelo que aquece no peito. Abraço-a de volta. Dançamos
lentamente ao compasso da letra… <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US">I’m fine baby, how are you? </span>Lugares comuns, banalidades…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não são apenas dias, são
anos presos nas pontas dos cabelos que ainda não foram cortados… <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Lembro. Lembro a voz da
minha avó misturada com o cheiro do pão no forno de lenha. A voz que dava
resposta aos meus queixumes em idades de porquês. “As histórias têm o tempo de
um fio de cabelo. A raiz vai crescendo, acompanhando, vivendo, vais cortando
pequenas pontas. E com elas vão as memórias que ficam para trás. O cabelo
demora a crescer, mas quando cortares essa última raiz que o tempo empurrou… a
memória vai… e será quase como se não tivesse acontecido”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sempre tive aversão a cortes
de cabelo. Sempre achei que me cortam demais. Sempre fiquei presa no passado. Nas
memórias. Nas raízes que demoram a cair, talvez tenha que cortar o cabelo mais
vezes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Suspiros silenciosos que
se prendem num pequeno pestanejar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A música pára, a dança
também. Abraço o frio que me gelou os dedos e a ponta do nariz.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Serenidade. Aquece os
lábios, desenha sorrisos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não preciso cortar a raiz…
há sempre um cabelo que cai, todos os dias.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Imagem de Klimt</div>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-70276352446762548402012-04-23T14:33:00.001+01:002012-04-23T14:33:34.694+01:00Memória<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-BhTudYsTlQ0/T5VaHcZRFtI/AAAAAAAAA3M/JHAyOktHw4E/s1600/Desintegracao_daMemoria_Dali.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-BhTudYsTlQ0/T5VaHcZRFtI/AAAAAAAAA3M/JHAyOktHw4E/s1600/Desintegracao_daMemoria_Dali.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ás vezes o papel só serve para fazer desenhos. Desenhos e não palavras, palavras em desenhos. Um blah blah blah de imagens soltas, dispersas e (aparentemente) sem sentido.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />Ainda dou pestanejares ao esquecimento. Ainda tenho slides de fotografias nos meus olhos. Ainda me lembro de frases soltas, gestos sem sentido, cheiros que me realçam a memória.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />A manhã que se desprende em abraços de preguiça ou aqueles dias que acabam sem querermos que outros comecem.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />Ainda lembro o vestido das borboletas que sujei dançando na lama, ainda me lembro quando dançámos sobre a relva ensopada, sem que as cronologias sejam respeitadas. Ainda me lembro dos rodopios, dos sorrisos, lembras?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />Ainda me lembro do que escrevi a primeira vez que te vi, a primeira vez que te toquei, a primeira vez que te beijei...</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />Ainda me lembro da janela do quarto, o meu quarto, das árvores do cinzento, ainda me lembro do cheiro pesado a cigarros nas paredes, nas folhas amarelas dos meus livros amontoados, os meus livros...</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />Ainda me lembro do quanto sorri e do quanto chorei naquele quarto, entre essas paredes, cheias de postais e borboletas, tudo emoldurado pela janela.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />Lembro-me de quem fui, de quem me afastei, de quem me criei, de quem me esqueci, lembro todas, sou todas. Fui todas.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />O horizonte acinzenta-se na sua infinitude. Uma criança brinca com o triciclo novo. Outra criança de roupas rasgadas brinca com o seu triciclo sem rodas. Outros jogam cartas, outros vendem cajú, outros olham e outros nada...</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />Outros fazem um ckeck-in, outros fazem um check-out. Outros nascem, outros morrem.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />Tudo acontece e se sucede. Como eu. Como nós. Como todos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />Deixar-me ir na estranheza de lembrar. Lembrar e saber. Lembrar e duvidar. Lembrar e querer. Lembrar e melhorar. Lembrar e seguir. Lembrar e matar.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />Como um caminho que se percorre de olhos vedados, a rendas.<br />A minha avó e as suas agulhas, a minha avó e o seu crochet, a minha avó e as suas histórias de terror, a minha avó e o seu forno de lenha, a minha avó e os seus gritos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />Memórias, desenhos, palavras, tinta dispersa em papel, como na memória.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />Doença, alegria, carência.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />Vozes que escolho como companhia. Sorrisos que escolho como companhia. Chás que escolho como companhia. Coisas, sempre coisas. As coisas que importam ou coisas sem importância.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />O silêncio em todo o lado menos dentro de mim. A saudade dobrada nas pestanas que se tocam. Eu e tu. Eu tu e a caneta. Eu, tu, a caneta e a tinta. Juntos em vazios que se desprendem como fogo de artifício nos olhos, nos lábios, nos dedos.</span><br />
<h3>
<br /></h3>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-57122047098474391802012-02-01T10:36:00.000+00:002012-02-01T10:37:43.082+00:00O Saco de Morangos<a href="http://1.bp.blogspot.com/-1vyBK7Uxppk/TykV1rmjxvI/AAAAAAAAA3E/giLlX4TFHPI/s1600/coma-morangos.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="http://1.bp.blogspot.com/-1vyBK7Uxppk/TykV1rmjxvI/AAAAAAAAA3E/giLlX4TFHPI/s400/coma-morangos.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5704114415023146738" /></a><p class="MsoNormal">Ela passou com um saco cheio de morangos.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal">Da cadeira que escolhi vi a porta de madeira com grades vermelhas… vermelho que contrasta com o amarelo das paredes. Eram duas as janelas abertas. De uma espreitei os cotovelos de um personagem que existe apenas no fumo que expele dos lábios gastos, de outra vejo uma senhora, já de uma certa idade (não que a expressão queira dizer algo, ou seja apropriada, dizer que alguém é de uma certa idade não lhe dá um carimbo etário preciso, uma certa idade poderiam ser 15 anos, embora aí não lhe chamasse senhora, poderia ter 30, ou 40 mas a verdade é que quando atribuímos a alguém o carimbo de “uma certa idade” as quantidades são sempre elevadas, digamos que nunca abaixo dos 70), põe no seu cabelo branco uma flor verde. A sua imagem remete-me para uma outra senhora que vi uma tarde em que caminhei pelo parque Eduardo VII. Lembro-me que estávamos no fim do Inverno, num daqueles dias que antecedem a chegada da Primavera mas que têm já sabor a Primavera. Caminhei, com ela, ela que é a amiga de sempre, a que vê quando ninguém sequer suspeita, a que ouve quando eu não digo, as árvores deixavam passar os raios de sol por entre os ramos e entre silêncios, monólogos, passadas lentas. Caminhámos lado a lado, ou uma um pouco mais à frente que a outra, quando demos por nós estávamos perto daquele parque a que chamam Amália. Sentámo-nos, pedimos algo que não me lembro o que foi, e observámos algumas pessoas, como sempre. Acto involuntário. Foi aí que a vi. Sei porque o escrevi.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal">Ela tinha um casaco vermelho.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal">Ela tinha um casaco vermelho velho mas que não é velho, é vintage. Acompanhou-o do seu cabelo, meio ruivo meio amarelo, atabalhoadamente apanhado numa banana presa por um gancho amarelo e vermelho, como o cabelo. Escolheu uns brincos pérola e redesenhou sobre as rugas um risco preto que realça os seus olhos azuis que parecem verdes, vivos ainda. Dou-lhe setenta anos, não deve estar muito longe disso, o seu rosto não mentirá muito sobre a sua idade, mas os seus olhos, o seu olhar é o de alguém que tem dentro de si o fervor de uma vida ainda, uma vida que ainda arde em tons de azul e verde. Da bolsa cor de caramelo puxa um pacote de cigarros, tira um e coloca-lhe na ponta do filtro algo que sei o que é mas que não sei o nome correcto, como as mulheres usavam nos anos 20. Não sei o seu nome mas qualquer nome que não seja místico não será o seu com toda a certeza.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Foi assim que terminou o texto. Esqueci-o por entre as pequenas folhas de um pequeno caderno que naquele tempo sempre apanhava boleia na minha mala. Mas lembro-me da imagem dela, muitas vezes. Pela força, pelo mistério, pelo carimbo que me deixou naquele dia. Não a imagino avó de alguém, para mim uma avó veste aventais ou batas de padrões floridos e demasiado garridos, usa botas de borracha ou umas pantufas de rede, tem os cabelos curtos porque assim dá menos trabalho e todo ele é cinzento. Essas são as minhas avós, as avós que o meu imaginário reproduz quando busco a imagem que associo a essa palavra. Ela não era assim. Ela parece a minha tia-avó, irmã da minha avó paterna, aquela que usava saltos altos e unhas vermelhas, se maquiava, e tinha todos aqueles vestidos e sapatos fantásticos dos anos setenta. Essa minha tia não tinha netos, era tia e não avó e não a consigo imaginar como avó. Mas o carimbo que ela, com o casaco vermelho, me deixou foi diferente, quis ser como ela e ser avó, deslumbrar os meus netos e deixá-los vir ter comigo pedindo histórias, hei-de gastá-las todas e eles hão-de pedi-las de novo, apenas porque gostam de mim.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal">Ela passou pela rua com um saco cheio de morangos vermelhos.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal">Pergunto-me se se conhecem… as duas janelas, aquelas em que pousavam o senhor do fumo e a senhora da flor verde, talvez não se conheçam já que que sobrepostas nunca se encontram. Na praça passam personagens que me despertam por entre tantos outros que se misturam sem sobressair. Nem sempre o que sobressai é positivo, mas a verdade é que, cada um pela sua razão, não são iguais. Guardo-os um pouco enquanto percebo que a Primavera, este ano, não trouxe andorinhas. Não vejo os ninhos, não as vejo nem ouço. Talvez tenham migrado para o Verão.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal">E tinha um saco cheio de morangos.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal">Irritam-me os putos e os skates, não por serem putos ou por terem skates mas por conjugarem ambos com a triste atitude de que tudo é deles. Hoje não me apetece ouvir o baque da madeira contra o chão. Também me irritam os pombos que correm pelas migalhas que se espalham com o vento pela calçada. Há passos, caminhos, ritmos. Sobem escadas, descem escadas, riem, correm, mais coradas, mais pálidas, mais calmas, mais agitadas, mais atentas, mais alheias. Pessoas que passam aqui. Será que alguma me viu? Algumas pessoas sentam-se e pedem copos, ele sentou-se e pediu uma garrafa, vinho branco. Durante algum tempo pensei que esperasse alguém mas a garrafa ficou vazia e as cadeiras que estavam ao seu lado também. Perguntei-me durante algum tempo se a pequena tristeza na sua íris seria por alguém não ter chegado ou porque simplesmente ninguém se sentou.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Sentei-me sozinha na esplanada porque decidi ir a pé para casa. Desci a avenida e apeteceu-me parar na praça e pedir uma cerveja, que nem sou grande apreciadora, mas apeteceu-me e por vezes há que dar ouvido às vontades. Sentei-me sozinha no meio da praça, com o sol a queimar-me os ombros e um sorriso a rasgar-me os lábios e foi aí que ela passou pela rua. O vestido era preto, o cabelo era preto, os olhos estavam pintados de preto, as botas eram pretas, as pulseiras e os fios eram aparentemente pesados e pretos, apenas os lábios eram vermelhos e esse vermelho brincava com o saco, cheio de morangos vermelhos, que ela trazia preso na palma da mão esquerda.<o:p></o:p></p>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-77038300911477149342012-01-19T15:44:00.005+00:002012-01-19T16:20:44.437+00:00sonsondergang<a href="http://2.bp.blogspot.com/-CfmlLKMdrQA/Txg6e__A-JI/AAAAAAAAA24/ez3Ojqfiop0/s1600/309808_290433374322027_183922051639827_966500_1058302976_n.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="http://2.bp.blogspot.com/-CfmlLKMdrQA/Txg6e__A-JI/AAAAAAAAA24/ez3Ojqfiop0/s400/309808_290433374322027_183922051639827_966500_1058302976_n.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5699369632683587730" /></a><br /><div><i><span>"...matar saudades de ti. Ou matar-te, como fazem as crianças, para recomeçar uma outra história, no balouço quotidiano do teu sorriso."</span></i></div><div><br /></div><div>Conhecem o sentimento? </div><div><br /></div><div>Uma ideia aninhada em forma de embrião no cérebro? Como uma música que ouvimos algures, não sabemos de quem é, não sabemos a letra mas que insiste em martelar na nossa cabeça em forma de pequenos acordes isolados que se repetem? As palavras são iguais. Surgem, encontram amigas pelo caminho, unem-se e quando crescem para pequenas frases/ideias dispersam-se pelo cérebro em pequenos martelos... deliciosos, irritantes, tristes, vivos ou qualquer outro adjectivo que acrescentem a si mesmas.</div><div><br /></div><div>Estou em casa. Da cadeira que se arruma atrás da secretária vejo a janela da sala... e ela veio enquanto olhava o sol, tão simples quanto isto; </div><div><br /></div><div>"Entre pestanejares o sol morria de raios presos nas folhas que dançavam ao sabor do vento."</div><div><br /></div><div>Apenas uma frase que martelou e martelou até se aninhar atrás da orelha e eu já não conseguir olhar para o computador, para a televisão ou mesmo para a janela. Uma inquietude que se instala na alma, ou na nuca... nunca sei muito bem.</div><div><br /></div><div>Pego no caderno de sempre e é isto que tenho que escrever: "Entre pestanejares o sol morria de raios presos nas folhas que dançavam ao sabor do vento."</div><div><br /></div><div>Entendem o sentimento?</div><div>Embrulha-me o estômago, não é enjoo, não é fome, é esta ideia, maior que o resto no momento, esta ideia que nasce e não espera por nada nem ninguém... como um pequeno animal que nasce e começa logo a andar, não precisa mais que nascer para andar. As ideias andam dentro de nós e explodem de várias formas, num olhar doce que damos a alguém, numa frase que dizemos a alguém, no simples tocar alguém... ou então... Ou então morrem no papel, no papel por onde rolamos a tinta que os nossos dedos comandam. E aí... já não são minhas, já não são apenas minhas, são um novo universo que assim que nasceu começou a andar sozinho...</div><div><br /></div><div>Conseguem entender?</div><div><br /></div><div>"Entre pestanejares o sol morria de raios presos nas folhas que dançavam ao sabor do vento."</div><div><br /></div><div>E depois disto já não tem lógica, são sentimentos, memórias que se repetem porque se colam umas às outras, dão as mãos e dançam na minha mente. Eu, de costas para a sala, olhos fechados, saboreio o por do sol e o silêncio, o silêncio de onde se <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">desembrulham</span> passos, passos que ele percorre na minha direcção, as mãos que em silêncio se trancam em torno do meu ventre, o calor dos lábios na minha orelha e o coração que bate freneticamente nas minhas costas e me apaga todo e qualquer pensamento... paz. É a água que se espuma aos meus pés em sinfonia que apazigua, enquanto o sol desce beijando o mar e os miúdos correm pela areia desenhando pegadas alheias. É o quintal da minha casa, minha outra casa, onde em tardes de Verão o sol se espreguiça por entre as laranjeiras acompanhando o compasso preguiçoso de um cigarro. É a minha avó que me ensina a desenhar flores enquanto em troca pede que eu a ensine a escrever o seu nome. É o meu irmão, ainda bebé, a acordar da sesta com o sorriso mais doce e inocente, e o cheiro a bebé. São as suas mãos pequeninas e gordas que se abrem para mim e pedem colo enquanto o sol desce pela janela... Sou eu, com elas, a saltar à corda em lengalengas que tentavam acompanhar o compasso dos saltos, antes que o sol se fosse, antes que tivéssemos que voltar a casa. Sou eu, agora, deste quarto andar vendo tudo isso em <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">flash</span> solarengo.</div><div><br /></div><div>Entendem?</div><div><br /></div><div>"Entre pestanejares o sol morria de raios presos nas folhas que dançavam ao sabor do vento." </div><div><br /></div><div>É preciso matar para seguir. Matar em papel estas ideias, estas histórias, fazer estes exorcismos. Matar para seguir.</div><div><br /></div><div>Diz alguém que a primeira parte para qualquer cura é aceitar-se que se está doente. Memórias, palavras, ideias, são uma espécie de doença... é que... entre pestanejares o sol morria de raios presos nas folhas que dançavam ao sabor do vento.</div><div><br /></div><div><span><b><i>Citação retirada do livro Fazes-me Falta, Inês Pedrosa</i></b></span></div><div><span><b><i>Imagem retirada do Google</i></b></span></div>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-63246149000274269622012-01-11T09:49:00.003+00:002012-01-11T10:01:41.993+00:00Carpe Omnium<a href="http://4.bp.blogspot.com/-c9b48bS2qHo/Tw1bhIK8j9I/AAAAAAAAA2s/huRatwhmFrY/s1600/image201201100008.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; width: 400px; height: 300px; text-align: center; display: block; cursor: pointer;" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5696309728380751826" border="0" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/-c9b48bS2qHo/Tw1bhIK8j9I/AAAAAAAAA2s/huRatwhmFrY/s400/image201201100008.jpg" /></a><br /><div><br />Nada está igual mas nem tudo mudou.</div><div><br />As ruas mantêm-se com a sua terra vermelha, barrenta. As<br />vozes que não entendo, ou entendo pouco, as cores nas roupas, nas pessoas…</div><div><br />Nada está igual mas nem tudo mudou.</div><div><br />Para cada acção há uma reacção.</div><div><br />Eu mudei nas roupas que escolho, quase todas, nos sapatos<br />que uso, alguns, nos adereços que escolho, quase nada, na maneira como olho as<br />coisas, tudo!</div><div><br />Há uma certa beleza <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">idiossincrática</span> que me escapou antes,<br />uma beleza simplista que se resume em pequenas coisas, tão pequenas quanto o<br />facto de caminhar (quase) no centro da cidade e ouvir pássaros como se<br />estivesse no campo. Não no campo, como se estivesse na minha aldeia, a minha pequena<br />aldeia atrás do sol, com tantos que amo. A verdadeira beleza é simplista, tão<br />simples quanto o acto de escrever estas palavras num caderno de folhas já<br />amarelas forradas a capa de <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-error">capulana</span>, numa esplanada (quase) no centro da<br />cidade, onde consigo ver os pássaros cantar alegremente e avistar o mar escuro<br />emoldurado pela terra castanha acompanhado por uma fatia de tarte de maracujá…</div><div><br />Doce e azedo. O excesso de doce azeda-me a boca, há uma<br />linha ténue entre o doce em falta e o doce em excesso que leva o melhor a ficar<br />mau. Na arte da doçaria como na vida doce em excesso azeda, como ilusões que se<br />nos apresentam salpicadas a açúcar e pepitas de chocolate… ilusão de muita<br />doçura. Mas passíveis de azedume. Na arte da doçaria como na vida… doce q.b. por<br />favor.</div><div><br />São cinco da tarde e <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-error">atrevo</span>-me a afirmar que metade das<br />pessoas que estão comigo nesta esplanada já terminaram o seu dia de trabalho e<br />aqui vieram matar um espaço de tempo que habita na sua existência. Como eu. É<br />uma boa forma de o fazer, não?</div><div><br />Nada está igual mas nem tudo mudou.</div><div><br />Quase todas as ruas têm o mesmo nome, a mesma direcção mas<br />aparentemente mais semáforos. Precisaremos de mais “luzes” que nos digam para<br />parar, seguir, ou avançar com cuidado? Quase todas as ruas têm o mesmo nome mas<br />o simples acto de encontrar chás que me agradem mantém-se difícil. Há um amor<br />pelo <span id="SPELLING_ERROR_3" class="blsp-spelling-error">Rooibos</span> que me parece um tanto ou quanto exacerbado… mas quem sou eu…<br />Suponho que faça também parte da beleza.</div><div><br />O caminho é o mesmo, a árvore é a mesma, a mesa que escolho<br />é a mesma. A casa é a mesma e praticamente tudo está como deixei, as mesmas<br />fotos, nas mesmas molduras, nos mesmos locais que escolhi, estampas que me<br />recordam pessoas especiais. Os seguranças do prédio, os mesmos, iguais nas<br />pequenas diferenças que se lhes<br />acrescentaram no espaço de um ano, mais ou menos uns gramas, mais umas rugas e<br />num caso muito particular uns óculos de massa pretos, <span id="SPELLING_ERROR_4" class="blsp-spelling-error">vintage</span>, <span id="SPELLING_ERROR_5" class="blsp-spelling-error">Ray</span> <span id="SPELLING_ERROR_6" class="blsp-spelling-error">Ban</span>, quando<br />o vi depois deste ano disse-lhe “Parece o <span id="SPELLING_ERROR_7" class="blsp-spelling-error">Ray</span> Charles”, sorriu com o mesmo<br />sorriso e gratidão de sempre. E contínuo sem saber o seu nome… a Júlia que<br />sorriu como nunca a tinha visto sorrir e que se mantém igual, este ano não<br />passou por ela. A mercearia da esquina, com os mesmos empregados, os mesmos<br />patrões mas com mais estantes. Os <span id="SPELLING_ERROR_8" class="blsp-spelling-error">pavões</span> que se passeiam pela rua continuam sem<br />o leque de penas mas mantêm o passo galante rua acima, como se fossem suas…<br />talvez sejam. O Vila Itália na<br />esquina, que agora se chama <span id="SPELLING_ERROR_9" class="blsp-spelling-error">Ciao</span>! Mas<br />que se mantêm italiano. A pequena banca da rua, com a menina que vendia a<br />papaia que eu gostava, fechou, ficou sem dinheiro. Agora tem outra menina mas<br />já não tem papaia.</div><div><br />Nada está igual mas nem tudo mudou.</div><div><br />Nesta esplanada que tantas vezes visitei e que hoje, depois<br />de um ano, visito de novo continuam a olhar curiosamente para esta pessoa que<br />escreve nas folhas amarelas de capa forrada a <span id="SPELLING_ERROR_10" class="blsp-spelling-error">capulana</span>. Alguns olhares parecem<br />falar, “será um diário?”, “será <span id="SPELLING_ERROR_11" class="blsp-spelling-error">maluquinha</span>?”, “será uma carta?”, “serão notas?”,<br />talvez não pensem nada, muitos nem me notam e essa é sempre a melhor parte.</div><div><br />As crianças ainda brincam com as empregadas enquanto as mães<br />bebem os seus chás com as suas amigas, o sol ainda me queima na pele e ainda<br />fico vermelho camarão antes de bronzear.</div><div><br />Nem tudo mudou e isso é bom.</div><div><br />Mas nada está igual no lado de dentro dos olhos que me acompanham.<br /></div>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-41507131733354250002011-12-10T00:06:00.001+00:002011-12-10T00:08:45.751+00:00Inanis<a href="http://3.bp.blogspot.com/-LtkG9HoDvrU/TuKi3NEy1TI/AAAAAAAAA2U/P3MK6V_T4N4/s1600/manchester-orchestra-i-can-feel-a-hot-one.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="http://3.bp.blogspot.com/-LtkG9HoDvrU/TuKi3NEy1TI/AAAAAAAAA2U/P3MK6V_T4N4/s400/manchester-orchestra-i-can-feel-a-hot-one.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5684284748981261618" /></a><div>Um segundo.</div><div>Basta um segundo para tudo se desmoronar...</div><div><br /></div><div>Há um tempo que se dobra e nos abstrai do relógio, como se as nossas células negassem a sua passagem.</div><div><br /></div><div>A lareira acende-se aos meus pés em arrojados tons de vermelho, laranja e amarelo... segundos que me cortam o peito.</div><div>Algo me chama... onde, quando, quem?</div><div><br /></div><div>Se te disser que o peito me morre em sopros de nada... que têm que ser algo caso contrário porquê soprariam? Acreditas?</div><div><br /></div><div>Afasto-me do fogo... não consigo dormir, a cama está vazia. Não consigo ler, o meu cérebro viaja para outros espaços...</div><div>Olho o frio que se desenha do lado de lá da janela, nevoeiro... denso, nem parece dia.</div><div><br /></div><div>Aperto o meu vazio em mim mesma, como se me abraçasse, mas não é abraço, não é nada mais que um gesto, vazio, em mim...</div><div><br /></div><div>segundos em horas arrastadas. sem voz. nada.</div><div><br /></div><div>Porque me bate no peito a morte do tempo, em águas calmas e <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_0">silenciosas</span>. </div><div>Porque sou <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_1">desequilibrada</span> no equilíbrio do banal... do comum, do repetido. Este compasso menor... que fica em dó sem subida de escala.</div><div><br /></div><div>Perdi a voz no compasso de uma dança inventada.</div><div><br /></div><div>Quando o tempo me beijava as faces e me entrançava o cabelo eu corria por campos abertos, sem pensar em depois ou <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">amanhãs</span>. Sempre me bastaram os desenhos que via nas nuvens, as histórias que fazia ao ver as imagens dos quadros que se penduravam em casa dos meus avós, as palavras que lia dos livros de capa grossa em casa dos meus avós, as perguntas do meu avô depois da ceia... Bastava-me um vestido com tutu e eu era já bailarina... bastavam os óculos da minha avó e eu era professora, bastavam as escovas da minha mãe e eu era cabeleireira, bastavam as canetas do meu pai e eu era empresária, bastava um conto de fadas e eu acreditava que estava num... </div><div><br /></div><div>Um pequeno livro em branco...</div><div><br /></div><div>Quando o tempo me beijava as faces eu sentava-me no baloiço debaixo da laranjeira e acreditava que estava a voar, eu saltava à corda e acreditava que saltava num trampolim, eu ouvia os discos de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">vinil</span> e acreditava que estava num concerto, eu roubava as camisas de noite da minha tia e achava que era uma princesa...</div><div><br /></div><div>O tempo pára de nos beijar. Acredito que só nos apercebemos disso bastante tempo depois. Em finais. Ou em <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">epílogos</span>. É a ordem natural de tudo.</div><div><br /></div><div>É nestes espaços vazios que mais me recordo dos espaços que me preenchem. Que quando me olham ninguém vê...</div><div><br /></div><div>Hoje o tempo rasgou-me o olhar. Embrulhou-me o espaço e arrefeceu-me o peito. Porque o calor não dura sempre... mas o frio também não.</div><div><br /></div><div>Perdoem-me os sãos... o tempo pode já não me beijar as faces, eu posso já não acreditar nas coisas da mesma forma... mas a idade não mata a sonhadora que se aninha em borboleta dentro de mim... aquela que precisa de voar em dias <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_6">ímpares</span>, que precisa soprar flores em dias sim... que precisa de silêncios em contemplação, que gosta de viajar sem ter que se mexer. </div><div><br /></div><div>Nem hoje, nem nunca.</div><div><br /></div><div><i><span class="Apple-style-span" >Imagem retirada do Google</span></i></div>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-75061651945411930432011-09-27T21:51:00.004+01:002011-09-27T22:44:39.702+01:00Repetição<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/-04QgW5EEWKc/ToJDUlpB7jI/AAAAAAAAA2M/c_d-IC3eLJs/s1600/ES_SO_OTeuCorpo_12.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 290px; height: 400px;" src="http://4.bp.blogspot.com/-04QgW5EEWKc/ToJDUlpB7jI/AAAAAAAAA2M/c_d-IC3eLJs/s400/ES_SO_OTeuCorpo_12.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5657158102911413810" border="0" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/-IWxZlw5Nmwg/ToJDFUAM1UI/AAAAAAAAA2E/9VscPVf8CxA/s1600/ES_SO_OTeuCorpo_01.jpg"><br /></a><br />A noite fria distendeu-se juntamente com os lençóis até ao fundo da cama, com o sol o calor disse bom dia.<br />Sinto o meu suor húmido na almofada e o teu espaço frio na cama.<br />Sozinha. Acordei com o meu sorriso abandonado.<br /><br />Não tenho voz. Embrulhou-se algures nos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">vincos</span> dos lençóis...<br /><br />Tenho fome de carinho. Como uma sandes de camadas. Uma de abraços, outra de beijos, outra de vozes, outra de palavras, outra de nadas. Os nadas vão sendo nas entrelinhas os que mais sabor têm.<br /><br />Levanto-me, embrulho-me em qualquer coisa que encontro pelo caminho... Há quem acorde de olhos adormecidos, eu acordo com os pés adormecidos. Arrasto-os comigo pelo corredor.<br />Casa vazia.<br /><br />Estendo o meu tronco sobre o tampo <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">semi</span> espelhado da mesa. Vejo a minha respiração bater na superfície e evaporar.<br /><br />Vazio.<br /><br />Os vazios passeiam por entre espaços preenchidos em nós.<br />Como?<br />É como ter um frasco com pedras até ao topo, olhamos e dizemos que está cheio, mas se lhe deitarmos areia ainda há espaços por onde deslizar e se olharmos diremos que está cheio, mas podemos sempre verter água.... e ela irá deslizar por entre as pedras e ensopar a areia. Há sempre um espaço vazio, mesmo quando tudo nos parece cheio...<br /><br />Não sei onde começo e acabo, sou quase como o lençol que se embrulha durante a noite. Embrulho-me pelo caminho, nos meus pensamentos, no que vejo, no que sinto... e no todo que se preenche permanece este vazio, miúdo dia sim agudo dia não.<br /><br />Vou até à casa de banho, molho o rosto, como que na esperança de que o toque da água fresca e pura na pele me limpe o que suja por dentro. Os medos, as dúvidas, as desilusões, as reticências que vão ficando no longo livro que escrevemos. Não rasgaria, ou tão pouco omitiria folhas escritas até agora, mas algumas delas foram escritas a sangue... e mesmo quando já muitas páginas se lhes sobrepuseram, por vezes, esse sangue pinga ou borra, não desaparece, e nem mesmo essas apagaria.<br /><br />Não esqueço o bom ou mau, mas confesso que lembro sempre o mau com mais força, o vermelho é mais vivo, salta das gavetas.<br /><br />esqueço tudo o que não estimulam em mim. Seja em dor ou amor.<br />A falta de estímulo esvazia em mim a água que no frasco ensopa a areia.<br /><br />Sou demasiado poética nas histórias que desenho sobre a minha cabeça, demasiado vaga nos saberes que escorregam dos meus lábios, demasiado severa no julgamento que lanço com o meu olhar, demasiado viva no corpo que entrego entre os lençóis.<br />Caberia num átomo, mas não me chega o mar.<br /><br />Mas nada é repetido... ou igual... há sempre uma pequena diferença no acto de repetição. Ninguém percorre o mesmo caminho, ainda que o faça lado a lado.<br /><span style="color: rgb(51, 102, 102);font-size:85%;" ><br /><span style="font-style: italic;">"O tempo humano não anda em círculos, mas avança em linha recta. Por isso o homem não pode ser feliz: a felicidade é desejo de repetição."</span></span><br /><br />Tenho saudades de acordar e ter já os teus olhos pousados em mim, dos corpos colados, dos lábios mordidos, das mãos entrelaçadas. Mas mais que saudades tenho sempre saudades de saber que ela existe do lado de lá do espelho. Uso-a como uma flor viva em cor e cheiro que se colhe para enfeitar o cabelo.<br /><br />Acendo um cigarro. Mais um.<br />Companhia de tantas horas em vazio. Vazio em repleto. Esvai-se. Fumar é quase como escrever, uma onda de fumo que engolimos e nos percorre o corpo saindo porque temos que respirar... Porque estamos vivos e para estar vivos precisamos respirar. É como o último travo que antecipa um fim <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">insatisfatório</span>. Apetece-me sempre outro cigarro imediatamente após o acto de raspar a cinza no fundo do cinzeiro, mas como em tudo na vida às vezes cansa a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">insatisfação</span> e a repetição nem sempre traz consigo a perfeição. Nada se repete em igualdade, são apenas reticências de corpo diferente. desigual. vazio...<br /><br /><span style="color: rgb(204, 204, 204);font-size:78%;" ><br /><span style="font-style: italic;">Imagem retirada do Google</span><br /><span style="font-style: italic;">Excerto do livro <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">Insustentável</span> Leveza do Ser, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">Milan</span> <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">Kundera</span></span></span>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-54094682639467229032011-07-27T12:38:00.003+01:002011-07-27T21:11:10.262+01:00Citação<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/-QVWSrVzsVlY/TjBwniCfsvI/AAAAAAAAA10/wF49hh5Cg1w/s1600/Jackson_Pollock_Galaxy.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 387px;" src="http://4.bp.blogspot.com/-QVWSrVzsVlY/TjBwniCfsvI/AAAAAAAAA10/wF49hh5Cg1w/s400/Jackson_Pollock_Galaxy.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5634126958294971122" border="0" /></a><br /><div style="font-style: italic;"><span style="font-size:85%;"><br />“Eu queria oferecer-te o meu corpo para que o absorvesses no teu.”</span></div><br /><br /><div>Silêncio com cheiro a vermelho.<br />Respiro para dentro em sinfonias de perdição.<br />Embrulhas-me no teu peito em suspiros de quase morte...<br /><br />Sinto a tua respiração escorrer-me pelo ombro, pescoço, pequenas explosões de um desejo maior...<br />Ofereço-te o meu corpo para que sintas a minha alma. Sorvo-te em línguas que tocam os lábios quentes...<br />Quase morte em tangentes de sabores partilhados.<br /><br />Gosto que me arrombes os sentidos, que me <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_0">esmiúces</span> e me prendas em cordas soltas. Sinto-te na nuca em pequenos toques que se dobram no ventre.<br />Gravo o teu cheiro no peito para que me arrepie a mente<br /><br />Pergunto-me, a que te sabe a minha pele?<br />A tua? Colapsos corporais em estremeceres intermitentes... é esse o teu sabor.<br /><br />Vibra-me o corpo em <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">reminiscências</span>. Se fechar os olhos consigo sentir-te, ainda, dentro de mim.<br /><br />Sinto, sei, que passaria um dia inteiro em quase mortes arrastadas até à exaustão.<br />[<span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_2">Chegaríamos</span> lá?]<br /><br /><span style="font-size:85%;"> <span style="font-style: italic;">“Chamo-lhe amor para simplificar. Há palavras assim que se dizem como calmantes. Palavras usadas em série para nos impedir de pensar.”</span> </span><br /><br />[Pensar]<br /><br />Penso no sabor que deixas em mim<br /><br />[Calmantes]<br /><br />Acalma-me o calor do teu corpo na minha face e a tua presença em mim...<br /><br />[Simplificar]<br /><br />O amor não simplifica... adensa-se e rasga-se em tudo o que de oferta absorves de mim, assim...<br /><span style="font-size:78%;"><br /><span style="font-style: italic;">Imagem de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">Pollock</span></span></span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-size:78%;" > <span style="font-weight: bold;">[Todas as citações neste texto são da autoria de Inês Pedrosa na sua obra Fazes-me Falta]</span></span></div>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-3645344190203198082011-06-30T01:09:00.003+01:002011-06-30T01:18:49.294+01:00Lief vir my<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/-QGH7hkX_lMQ/Tgu_EbnkaDI/AAAAAAAAA1s/goRzYw46RGc/s1600/beijo%2Bklimt.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 303px; height: 400px;" src="http://3.bp.blogspot.com/-QGH7hkX_lMQ/Tgu_EbnkaDI/AAAAAAAAA1s/goRzYw46RGc/s400/beijo%2Bklimt.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5623798642556299314" border="0" /></a><br />Prendi-te no corpo em desejo de sentidos... o teu respirar no meu pescoço...exactamente na dobra que se estende até ao ombro. Desejo que nele te pouses...que pouses em mim todo o peso que te acompanhou nesta fase...ou a leveza se for caso disso. Sinto a força dos teus braços prendendo-me pela cintura, em carinho. Os teus olhos que se debruçam sobre mim em amor... Tenho sempre medo de pronunciar esta palavra.É mágica... com o poder de nos elevar ou enterrar... Mas sinto-a em todos os meus poros quando te olho... mesmo quando me irritas ao ponto de te odiar é o amor quem me eleva a voz. Só discuto com quem realmente amo e foram poucas as pessoas com quem discuti até hoje...<br /><br />Sinto-me uma miniatura sempre que me aninho em ti... não por ser pequena ou tu grande mas porque, no teu peito, sim o teu e apenas o teu, sinto que nada me pode tocar, não há bichos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">papões</span>, dragões, lobos, maldades ou medos. Apenas eu tu e o compasso do teu coração. Sei-o de cor. Faz-me falta todas as noites que encosto a face à almofada... Fazes-me falta. Falta que se sobrepõe em tijolos que formam um forte no canto esquerdo do meu peito. Pesa-me tudo o que sei. Tudo e tanto do que entendi entretanto, do que vi, do que li, do que escolhi acreditar e do que escolhi esquecer... entretanto... de entre tudo.<br /><br />Desculpa se calo tanto, mas estiveste sempre comigo escondido na segunda cova do lado esquerdo do meu sorriso. Mesmo quando não me ofereces as palavras que gostaria. Mesmo quando te esqueces que sou frágil...<br /><br />Ouvi algures numa música; <span style="font-size:130%;"><span style="font-weight: bold;">"</span><span style="font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">Home</span><span style="font-weight: bold;"> is </span><span style="font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">not</span><span style="font-weight: bold;"> a </span><span style="font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">house</span><span style="font-weight: bold;"> </span><span style="font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">but</span><span style="font-weight: bold;"> a </span><span style="font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">feeling</span><span style="font-weight: bold;">"</span></span>. Digo-o agora sem dúvidas aninhadas. Tu és a minha casa, quente e viva... Na ausência fundi todas as dúvidas, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">descompassos</span> e alguns medos para desenhar uma chave... Espero que não tenhas trocado a fechadura na minha ausência...Sei que fui eu quem a quis, sei que fui eu quem a escolheu... Mas eu sou assim, imperfeita. Acordo irritada, não gosto que me observem porque me deixa nervosa, e quando estou nervosa rio... não partilho os meus medos porque acho que me tornam mais fraca, idealizo tudo demasiado, apanho boleia nas nuvens que passeiam pelo céu e viajo em encontros por <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_7">silêncios</span> que não sei dividir. Gosto de massa mais que qualquer outra coisa, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">roo</span> as unhas, acho que tenho os olhos muito pequenos e que visto dois números acima daquilo que gostaria, sou maioritariamente confusa, vaga, distante e deambulante. Odeio ficar de alma nua (como agora).<br /><br />Sou imperfeita. Preciso escangalhar as coisas para as entender, dilacerar... mas estou perto de terminar o meu puzzle...<br /><br />Há frases que ditas na tinta de outros se tornam nossas...<br /><br /><span style="color: rgb(51, 102, 102);font-size:85%;" ><span style="font-style: italic;">"quantos restos de ti fazem parte de mim"</span></span> - escreveu ela.<br /><br />Sou tão tua [por entre eles] quanto se pode ser de alguém, e esse é o detalhe que mais me dói.<br /><br />Deixo sempre que o ar me leve, muito ar, demasiado AR, eu sei, mas eu não sou perfeita. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">Still</span>... I <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">FLY</span>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-60852344375742514742011-06-16T00:19:00.005+01:002011-06-16T00:53:33.285+01:00Res non verba<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/-OHCY7elF7Zk/TflDMqdNQxI/AAAAAAAAA1k/2O2MuQH1yiY/s1600/10__430x_bubble-bath1.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 344px;" src="http://3.bp.blogspot.com/-OHCY7elF7Zk/TflDMqdNQxI/AAAAAAAAA1k/2O2MuQH1yiY/s400/10__430x_bubble-bath1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5618595894955688722" border="0" /></a><br />Sozinha comigo, em mim, divago entre espaços vazios que pairam entre reticências.<br /><br />Cada reticência é um conjunto de pontos finais que se coadunam esperando um resto.<br /><br />A banda sonora não é <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_0">minha</span>, mas ecoa sob a minha voz, canto palavras que não escrevi mas sentidos que reconheço...<br /><br />Caminho por entre apetites que me habitam e me consomem em nulidades de sabor...<br /><br />Encho a banheira, espuma e bolhas saltitam por entre azulejos, quero água que me queime a voz, que me ferva o peito, que me consuma a mente. Calor que me ocupe e se propague pelos espaços vazios que pairam em mim...<br />Trago comigo o copo com néctar a veludo, que deixo a um canto enquanto mergulho na pequena nuvem aquecida...<br />Ouço frases soltas por entre refrões e nos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">entretantos</span> dos sorrisos mudos deixo que as pontas dos dedos sintam o toque frio das torneiras [Arrepios]<br /><br />Momentos egoístas que gasto comigo em silêncio.<br /><a href="http://www.youtube.com/watch?v=iheT1ZsWgm4"><br /><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">"Come </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">closer</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">, come </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">and</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"> </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">stay</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"> </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">with</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"> me </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">now</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">, </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">help</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"> me to </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">reconcile</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">, come </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">and</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"> </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">stay</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"> a </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_11">while</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">(...) </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">And</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"> I </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_13">will</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"> </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_14">find</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"> a </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_15">house</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">, </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_16">because</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"> </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_17">we</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"> </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_18">love</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"> </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_19">till</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"> </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_20">the</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"> </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;" class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_21">end</span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">..."</span></a><br /><br />Mostro-te restos que não vês porque escolhes não ouvi-los. Tenho pesadelos no ouvido direito e sonhos que me escorregam pela nuca. Exorcismos que se cruzam em pequenos pestanejares que se espalham pela face.<br /><br />Passeio os dedos pingados pela base do copo <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_22">semi</span> cheio com pequenas marcas que escorregam pelo interior... O vinho engrossa a paixão e brinda a saudade.<br /><br />Escrevo pensamentos, sentimentos, verdades e mentiras em tiras de papiro conceptual, e rasgo-as logo de seguida... amasso e desarrumo tudo para que possa depois organizá-los devidamente... Brinco com cronologias e faço analogias de sentidos. Estico a razão e encolho o coração.<br /><br />Sou complexa nesta <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_23">simplicidade</span> que me conheço... Vivo dias que são anos e horas que se mirram em segundos.<br /><br />Apetece-me esticar até ti, como se estivesses na ponta oposta a mim, e sussurrar-te ao ouvido as pequenas doses de mim que se enrolam na tua memória. O cheiro, o sorriso, o sabor... E perder-me no silêncio da resposta.<br />Sou tão pequena neste momento que caber-te-ia facilmente na palma da mão... a mesma com que me tocas, a mesma com que te tocas, a mesma onde cravei um dia sonhos e desejos... a mesma que fechaste sem deixar que algo dela escorregasse.<br /><br />Ergo o copo num último travo e deixo que a última gota me escorregue pelos lábios... um brinde.<br /><br />Quando <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_24">esmifras</span> tudo o que vês, és feliz com o que conheces?<br /><br />Quando drenas todo o teu sangue, és feliz com o que fica?<br /><br />Quando esvais todo o desejo, és feliz com o que te resta?<br /><br />Quando apagas toda a indecisão, és feliz com o que escolhes?<br /><br />Sou feliz no vago espaço desta reticência abandonada ao silêncio do calor que se banha de veludo entre os espaços vazios, que hoje escolhi para mim, porque sim...<br /><br /><span style="color: rgb(192, 192, 192);font-size:78%;" ><span style="font-style: italic;">imagem retirada do google</span></span>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-24944796574304287722011-04-13T00:31:00.002+01:002011-04-13T00:34:35.861+01:00Poesiando<a href="http://2.bp.blogspot.com/-RqPeUjUaieM/TaThgIBby_I/AAAAAAAAA1Q/LdP428D0QiI/s1600/10042011293.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 196px; height: 200px;" src="http://2.bp.blogspot.com/-RqPeUjUaieM/TaThgIBby_I/AAAAAAAAA1Q/LdP428D0QiI/s200/10042011293.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5594844579126561778" /></a><br /><p class="MsoNormal"><span class="apple-converted-space"><span lang="PT" style="font-family:Tahoma">Há na poesia um mar de rosas sem cheiro a rosa.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="apple-converted-space"><span lang="PT" style="font-family:Tahoma">Há na poesia imagens que ninguém mais, além de nós, consegue ver…<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="apple-converted-space"><span lang="PT" style="font-family:Tahoma">Cantos, becos, sussurros e suspiros requebrados que se escondem dentro de nós mas que gritam por sair … por ser mais.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="apple-converted-space"><span lang="PT" style="font-family:Tahoma">Partilhamos estes pequenos nadas que tanto dizem de quem somos, ou vamos sendo, a quem recebe estas palavras que brincam escorregando da mente, travados pelos lábios e turbinados na ponta dos dedos. Um poeta não se sente poeta. Talvez tenha que reformular ou apenas não afirmar, não me sinto poeta, mas sinto poesia dentro de mim. Sinto-a na forma como recebo as sensações exteriores, na forma como vejo o dia a dia dos outros que se entre cruza no meu… como o nó de uma corda, que sendo uma só é não mais que uma conjugação de milhões de outros pequenos fios. Sinto-a na imagem da criança que caminha pela terra deserta e que quando é brindada pela chuva faz do seu corpo a tela e da lama a tinta…<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="apple-converted-space"><span lang="PT" style="font-family:Tahoma">Se escolhesse para mim uma metáfora, agora, seria a de que mais do que sangue é tinta de poesia que me corre pelas veias… gostaria de vos poder mostrar todas as frases que se conjugam em mim num dia… que vai sendo tarde e se estende em noite. Gostava. Mas não sou poeta, sou apenas alguém que gosta de poesia, esse resto de mim que vos deixo.<o:p></o:p></span></span></p>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-82309785853661192682011-04-12T16:41:00.005+01:002011-04-15T20:02:49.258+01:00Cubo Mágico...<a href="http://4.bp.blogspot.com/-PouKzzOXb00/TaiWL7j2MEI/AAAAAAAAA1Y/M70FBAe1nTQ/s1600/campo_flores%2Bamarelas_Tree%2BIn%2BField_Petr%2BKratochvil.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 267px;" src="http://4.bp.blogspot.com/-PouKzzOXb00/TaiWL7j2MEI/AAAAAAAAA1Y/M70FBAe1nTQ/s400/campo_flores%2Bamarelas_Tree%2BIn%2BField_Petr%2BKratochvil.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5595887668718612546" /></a><br /><div>A rua era apenas mais uma. Risca preta central emoldurada por pequenos quadrados pérola... Sigo as curvas e as contracurvas em monotonia passante. </div><br /><div></div><br /><div>Há uma brisa aquecida que passeia por dentro do casaco. Prendem-se os olhos ao chão enquanto a mente flutua 3 metros acima do solo. Há palavras que se desenham ouvido adentro seguindo rumo ao cérebro... divagam por entre outros restos, novos sons, novos passos, novos dias, novos sabores... Gosto[-os], e por vezes Gasto[-os] também... Vícios do eu.</div><br /><div></div><br /><div>Palavras de saber que sabem a decisão. Repito-as, corto-as, redesenho-as e guardo-as em caixas que pairam em forma de cubo mágico.</div><br /><div></div><br /><div>Conjugo-me em imagens estáticas que guardo no ficheiro da memória.</div><br /><div></div><br /><div>Somos tanto que não partilhamos, por não sabermos, não querermos... Sei do muito em mim que jamais saberei... o mecanismo que me faz ser quem sou ao qual não são facultadas esquinas...</div><br /><div></div><br /><div>Vesti a pele de outro tempo e visitei uma memória que guardo num dos quadrados amarelos. Tenho 5 anos, caem-me cachos avelã encaracolados pelos ombros, vestido branco, que na verdade não era um vestido era uma T-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">shirt</span> de adulto, pés descalços. Lembro-me que a minha avó me construiu um baloiço preso na gigante laranjeira que sempre viveu no quintal, até aquela altura. Era baixo para que eu pudesse usá-lo sem grandes perigos. Se fechar os olhos consigo sentir a textura <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_1">áspera</span> da corda. Balançava-me durante horas, aparentemente de mente vazia... as aparências são perigosas e esta errada. Tenho hábitos recorrentes, com 5 anos, gostava de baloiçar e pensar em nadas, eram horas comprimidas em minutos que se arrastavam em compasso de brisa esporádica. Mas não é esta a memória em questão, porque a verdade é que aquela árvore acabou por desaparecer e com ela o meu baloiço, pelo qual tanto chorei, a verdade é que guardei comigo a corda e quando a Primavera chegou os campos abertos, que sempre me acompanharam, respiraram flores, amarelo vivo. </div><div>Roubei frutas da mesa da cozinha com chão preto e uma agulha com linha do <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">cestinho</span> de verga que sempre habitou no canto esquerdo da máquina de costura, em ferro pintado de branco, para sozinha ir fazer um piquenique e colares e coroas com as flores amarelas. Enfiei tudo dentro da mochila roxa que o meu tio me tinha oferecido, tinha o Bugs <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">Bunny</span> no recorte do bolso de fora... detalhes. Retirei da mochila um lenço branco, que a minha mão jamais suspeitou que desapareceu e pousei-o num canto sem flores debaixo da árvore que dava os <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">limões</span> com os quais a minha avó fazia limonada para o almoço. Ao fundo o meu avô pousou a enxada e encostou-lhe o cotovelo, reconheceu-me e acenou aproveitando a pequena pausa para limpar o fio de suor que lhe escorria debaixo da boina. Sorri e acenei. Olhando esta imagem estática agora, vejo todo o carinho com que me olhava, a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">princesinha</span> <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">reguila</span>... que hoje infelizmente já nem reconhece. Infortúnios. Em cima do lenço despejei o conteúdo da mochila e dobrada por entre a fruta estava a corda. Olhei e pensei que queria ter um baloiço ali, debaixo da árvore dos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">limões</span>, onde podia passar o meu tempo de "nada" baloiçando sobre as flores amarelas enquanto o meu avô cavava... descasquei e comi a banana enquanto olhava a corda, apanhei as flores e comecei a fazer a minha coroa amarela... passaram-se algumas horas inertes. O sol punha-se ao fundo da estrada de terra, as andorinhas cantavam e o vulto do meu avô surgia, por entre a imagem, escuro. Arrumei tudo na mala, tudo à excepção da corda na qual cosi algumas das flores. Fiquei com ela na mão enquanto esperei que o meu avô fosse colocar as enxadas dentro do tanque. Ao fundo da rua ecoava já a voz da minha avó; <span class="Apple-style-span" ><i>"Oh Flores, anda jantar". </i>Disse-me; <i>"Vamos minha menina que já é hora"</i> , e deu-me a mão em modo protector... enquanto <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_8">caminhávamos</span> lentamente a voz da minha avó ainda se arrastava quando ele perguntou <i>"e isso para que é?", </i>respondi <i>"era a corda do meu baloiço, não deixei a avó ficar com ela... fazes-me um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">vô</span>?"</i>, <i>"Já não temos árvores à beira da casa e a avó não te quer longe que podes aleijar-te", </i>enquanto o dizia tirava do bolso esquerdo da camisa o maço de cigarros, pacote cinzento e acendeu um, <i>"não aleijo <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">vô</span>, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_11">pumeto</span>"</i> , riu <i>"ai vocês, vocês"</i></span></div>Passaram-se alguns dias e eu arrastei a corda comigo até as flores murcharem, um dia esqueci-me dela, talvez tenha sido no dia em que a minha mãe teve uma tarde livre e me ensinou o que eram as letras, num pequeno livro sobre um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">robot</span>. Foi num fim de semana em que todos os meus tios almoçaram sardinhas e feijão frade que o meu avô me chamou para junto dele enquanto limpava cabaças e me perguntou onde estava a corda, <i>"não sei" , </i>apontou com o nariz para a frente e vi-a pendurada no estendal com dois nós em cada ponta. Olhei-o sem dizer nada, <i>"O avô lembrou-se que baloiço não podes ter, mas saltar à corda podes sempre, onde quiseres", "o que é isso <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_13">vô</span>?"... </i>O meu avô tinha 65 anos quando me ensinou a saltar à corda, durante alguns anos foi uma das minhas diversões preferidas, banalidade aparente, sei... mas a verdade é que passados 20 anos tenho ainda essa memória guardada em imagens estáticas num dos quadrados amarelos do meu cubo mágico.<i> </i><div></div>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-21435768550459406302011-02-17T00:14:00.001+00:002011-02-17T00:17:15.050+00:00assenza<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/-j70JL4ErXJo/TVxodjvYfkI/AAAAAAAAA0I/TtGdq9I4y6A/s1600/images.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 194px; height: 260px;" src="http://1.bp.blogspot.com/-j70JL4ErXJo/TVxodjvYfkI/AAAAAAAAA0I/TtGdq9I4y6A/s400/images.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5574445295797304898" /></a><div>Entra.</div><div><br /></div><div>Convido-te a entrar.</div><div><br /></div><div>Senta-te na poltrona e ameaça-me a calma. Enche o copo com suspiros e esvazia-me os bateres do peito.</div><div><br /></div><div>Pouso os lábios no copo de vinho. Vermelho como o sangue. Encorpado e com travo a... madeiras? Ou frutos silvestres?</div><div>Beijo o copo como se fossem os teus lábios. Quentes.</div><div><br /></div><div>Sofre uma voz que escolhi como banda sonora.</div><div><br /></div><div>O resto dispersa-se por entre espaços de silêncio pelo corredor.</div><div><br /></div><div>O chão em madeira rectangular arrefece por entre o tempo que não é tocado.</div><div><br /></div><div>Eriças-me a pele. Como gelo que toca em pedra quente.</div><div>Digo-o no espaço de um lábio que se morde. Mas não precisaria, porque o sabes.</div><div><br /></div><div>Sinto o teu cheiro que se evapora por entre o respirar do teu peito. O teu e apenas o teu.</div><div>Não se confunde, mas divaga.</div><div><br /></div><div>[I want you]</div><div><br /></div><div>Passeio os dedos pelo meu pescoço simulando o que faria no teu corpo, se te tocasse, mas não estás...</div><div><br /></div><div>Escorrem as últimas gotas pelo copo e deixo que me escorram pela boca como o desejo.</div><div><br /></div><div>Quero o teu cheiro na minha pele.</div><div>O teu calor espalhado pelo meu corpo.</div><div>O teu sabor impregnado na minha boca.</div><div>TU.</div><div><br /></div><div>Se te disser que te beijo em pestanejares, compreendes?</div><div>Se te disser que te falo em sorrisos, entendes?</div><div>Se não te disser, ouves?</div><div><br /></div><div><i><span class="Apple-style-span" >"Sei que tudo é definitivo e nada é eterno."</span></i> Disse ele.</div><div><br /></div><div>Eterno o sabor</div><div>Eterno o sentir</div><div>Eterno o saber</div><div><br /></div><div>Definitivo o indefinido</div><div>Definitivo o sentido </div><div>Definitivo o momento</div><div><br /></div><div>Nada de nós em nós é eterno, <span class="Apple-style-span" >definitivamente</span>.</div><div><br /></div><div><br /></div><div><i><span class="Apple-style-span" >imagem retirada do Google</span></i></div>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-83216016478010568522011-02-07T22:31:00.003+00:002011-02-07T22:43:50.473+00:00leeg<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_jdbprfjs31c/TVB0ZigG_WI/AAAAAAAAA0A/YVKlGpT_RjY/s1600/conteudo-vazio.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_jdbprfjs31c/TVB0ZigG_WI/AAAAAAAAA0A/YVKlGpT_RjY/s400/conteudo-vazio.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5571080721164336482" border="0" /></a><br />Bate no peito secura<br />azul<br />esverdeada<br /><br />Desdobram-se as mãos por entre pequenos espaços livres no vazio<br /><br />uma porta que se abre no fundo de um corredor escuro<br /><br />uma voz que chama, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">semi</span> viva...<br /><br />Não há passos.<br />Inércia.<br /><br />Ela seguia.<br />casaco preto.<br />ténis gastos na sola.<br />atacadores a arrastarem pelo chão.<br />gorro que esconde um cabelo longo e negro, liso.<br />um lenço <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">semi</span> enrolado envolvendo o pescoço.<br /><br />Ia...<br /><br />a noite desenhara-se já em espaços negros pela rua<br />as sombras antes escondidas do sol, estendem-se agora sob fracas luzes ao longo da rua.<br /><br />Algumas músicas saltitavam nos seus ouvidos.<br /><br />Não estava triste mas sentia no seu peito uma tristeza recorrente...<br />Aquela que não se acoita num peito<br />Que não morre num sorriso<br />Que não é roubada por ninguém.<br /><br />Aquela que a conhece desde sempre<br />que se esconde no canto da íris<br />no bater <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">fraquejado</span> do coração<br />no sinal que se adormeceu no seu rosto<br /><br />Segue branca rumo ao escuro<br />sozinha<br />apenas com vozes nos ouvidos.<br /><br />Vazia.<br />Não está vazia, mas vai sendo vazia em breves espaços que lhe arrepiam a pele ao tocar a brisa.<br /><br />Olha um vago vazio<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3"></span> sem dono que se estende pelo caminho.<br /><br />Tocam sinos.<br />Passam carros.<br />Fortes luzes intermitentes.<br /><br />Esqueceu o relógio.<br />matou o tempo em breves minutos.<br /><br />Não há vontade neste espaço.<br />Mas segue.<br />Há um destino... ao qual escapa hoje... porque sim.farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-80478930841112705382011-02-02T02:30:00.004+00:002011-02-02T02:47:30.730+00:00Do Vir<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_jdbprfjs31c/TUjCnZ3_RQI/AAAAAAAAAz4/G_1-r7_o5Q8/s1600/vieira_silva_landgrave_1966.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 276px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_jdbprfjs31c/TUjCnZ3_RQI/AAAAAAAAAz4/G_1-r7_o5Q8/s400/vieira_silva_landgrave_1966.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5568914921460024578" border="0" /></a><br />Sorrimos num espaço perdido<br />de mãos dadas no vazio<br />Soltamos palavras que não ouvimos porque o vento roubou...<br />ou talvez as tenhamos apenas esquecido<br /><br />Será assim o tempo do nada<br />do amargo<br />do compulsivo<br /><br />Prendo-me no teu pescoço<br />é o teu cheiro que me guia...<br /><br />Engulo soluços, sorrisos, restos de mim<br />e vomito palavras que não respiram<br />que não voam<br />que se guardam por entre espaços vagos<br /><br />Há caminhos<br />Há<br />Há destinos<br />Há<br /><br />Há nadas.<br /><br />Dou passos por entre quadrados sujos e gastos<br />e vejo pequenos desenhos que rastejam apagados<br />deixamos uma história para trás, sempre que seguimos em frente<br />e não consigo não ver a criança que corre atrás de quem dela se esquece...<br /><br /><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">Tornamo</span>-nos algo<br />transformamos muito<br />guardamos nadas no espaço de uma vírgula<br /><br />Suspiro.<br />Não há um fim.<br />Há um grito que se prende por entre o espaço que deixas vazio,abandonado.<br /><br />[barulho]<br /><br />repete comigo esse som tão estranho<br /><br />[barulho]<br /><br />estranho sempre as palavras repetidas, soam a nada<br /><br />[barulho]<br /><br />embrulho os braços no tronco inerte e gelado que esqueço em voos distantes...<br /><br />[barulho]<br /><br />sentes o eco que se estende no silêncio de um espaço que não é?<br /><br />[barulho]<br /><br />esqueci-me do que te ia dizer<br />talvez não fosse nada<br />talvez não tenha voz<br />talvez nem exista<br /><br />[barulho]<br /><br />deixo as velas arderem até ao fim<br />ou sopro para que se esqueçam prematuramente?<br /><br />[barulho]<br /><br />tinha uma capa azul... mas não o li<br /><br />[barulho]<br /><br />às vezes esqueço-me que não andamos, dançamos<br /><br />[barulho]<br /><br />às vezes deixo-te para trás<br /><br />[barulho]<br /><br />às vezes esqueço-me de seguir-te<br /><br />[barulho]<br /><br />afinal não é a elas que estranho... é a mim.<br /><span style="color: rgb(204, 204, 204);font-size:78%;" ><br /><span style="font-style: italic;">imagem, quadro de Maria Helena Vieira da Silva</span></span>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-54878338347838944982011-01-24T11:47:00.005+00:002011-01-24T12:08:57.096+00:00Janela de Ninguém<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_jdbprfjs31c/TT1rsLBIiCI/AAAAAAAAAzs/PX5o5sqZeJk/s1600/2536392982_12ca7a585d.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 376px; height: 400px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_jdbprfjs31c/TT1rsLBIiCI/AAAAAAAAAzs/PX5o5sqZeJk/s400/2536392982_12ca7a585d.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5565723121115760674" border="0" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_jdbprfjs31c/TT1p0zx60eI/AAAAAAAAAzk/YVwEdwDyIEU/s1600/ariane.jpg"><br /></a><br /><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Abro a janela.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">[Frio]</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Há o frio que me invade a pele, apetece-me senti-la viva.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Ele abre a janela. Sala, suponho. Estendem-se pela parede fileiras de livros. Não são livros quaisquer, são perfeitamente simétricos, capa vermelha em pele… Vejo-o puxar um e sentar-se numa poltrona, suponho, da qual apenas vislumbro uma esquina de pano em floreado gasto e foleiro.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Ele lê.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">O vento sopra-me no peito, enrola-me o cabelo no rosto.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">[Vazia]</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Hoje acordei vazia, centrifugou o peito tudo o que nele se excedia… Há um peso exacerbado na leveza do saber, que me dói.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">[Chuva]</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Pousou o livro, afastou a cortina esburacada e acendeu um cachimbo.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Gosto de rituais. Submerso em si não me vê, apenas olha. Do lado de cá toca-me o cheiro a tabaco… cereja e mofo. Olho-o, vendo, sem que se aperceba de mim.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Dar-lhe-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">ei</span> 70 anos, porque sim. Alto e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">barrigudo</span>. Cabelo desalinhado e barba amarela. Uma camisola gasta tapada por um roupão ainda mais gasto…</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">[Tempo]</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Vi-o outrora noutro corpo, mais jovem e mais sábio, era bonito.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">[Vozes]</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Há crianças que descem a rua em algazarra inocente e irritante. Da janela ele olha-as e sorri. Tem um sorriso bonito ainda.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">[Suspiro]</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Há pedaços nossos que morrem com o tempo, entregues ao vazio de um espaço que não existe.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Caminho pela memória de mim… Vejo os nossos pés marcarem passos por entre a calçada desalinhada. Falamos, ouvimos, calamos, olhamos. Ela parou para nos ouvir também.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">“Somos nós”</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Seremos sempre tão diferentes?</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Por vezes vejo-nos simples na nossa complexidade… Talvez estejamos apenas demasiado <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">familiarizadas</span> com aparentes complexidades alheias.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">[Sorriso]</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Posso ouvir-te um dia inteiro, sorrio sempre no entender-te de olhos fechados. Temos uma diferença tão igual que me faz cócegas na boca.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">[Perfeito Azul]</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Caminhava contigo mas parou-me a imagem. O muro era velho e degradado… mas alguém, por alguma razão viu nele um espaço perfeito.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Incompleto Perfeito</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Perfeito Incompleto</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Incompletamente Perfeito ou Perfeitamente Incompleto?</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Era um pequeno rectângulo, uma porta para nada, por onde passa ninguém, número 42. Azul. Senti-me em casa ali, espaço de ninguém tão bem qualificado. Incompleto perfeito, nº42, porta azul. Podia ser a minha morada, podia sim.</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">[Tempo]</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Deixei de vê-lo, mas sinto ainda o cheiro do cachimbo e ouço uma voz intermitente que se projecta de uma pequena caixinha que habita acima dos livros de capa vermelha…</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">[Silêncio]</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Cala-me o peito o gelo que impera na pele. Se me caísse agora uma lágrima seria gelo e não calor… </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">[Pestanejar]</span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Levanta-se para fechar a janela. Num segundo sorriu-me quase em tom de reconhecimento… </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT"> </span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT">Quem terá ele visto?</span></p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><span lang="PT"><span style="font-style: italic; color: rgb(204, 204, 204);font-size:78%;" >imagem retirada do google</span><br /></span></p>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-35867491429048549082011-01-18T20:47:00.000+00:002011-01-18T20:48:37.255+00:00A limine<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_jdbprfjs31c/TTX8j8RTAyI/AAAAAAAAAzM/t7bBc3ibHzc/s1600/corpos.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 291px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_jdbprfjs31c/TTX8j8RTAyI/AAAAAAAAAzM/t7bBc3ibHzc/s400/corpos.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5563630609090413346" border="0" /></a><br />Era escura.<br /><br />Uma luz ténue e trémula marcava umas mãos sem corpo que acariciavam as cordas de um violino negro...<br /><br />Aninho-me no chão de pés e braços cruzados.<br /><br />2 corpos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">semi</span> visíveis por entre a escuridão.<br />Respiram-se em mãos que se cruzam em busca de pele... tocam as faces, os cabelos, abraçam-se em silêncio percorrendo caminhos antigos com as pontas dos dedos.<br /><br />Tangos surdos... Olham-se em palavras que não dizem, mimam-se em acordes suaves.<br /><br />Cerra-se a pouca luz presente e há apenas um perfil de 2 corpos ao fundo da sala...<br />Pára o violino.<br /><br />Arrasto-me pelo chão em silêncio, dirigindo-me aos corpos... <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">voyeur</span> de mim mesma!<br /><br />Rasgo a tela.<br />Afasto o espelho.<br />Sou eu, apenas, com tanto que me excede.<br /><br />[<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">ContraBaixo</span> no peito]<br /><br />Há uma sombra que se aproxima, cola as minhas costas ao seu peito. Um braço envolve-me o pescoço e uma mão desliza do peito ao ventre.<br /><br />Sou eu o instrumento... Sinto a pele vibrar como se fosse corda suada.<br /><br />Um suspiro no pescoço.<br /><br /><span style="font-style: italic;">"<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">Please</span> <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">teach</span> me <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">gently</span> <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">how</span> to <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">breathe</span>"</span><br /><br />As mãos enlaçam-me o cabelo e rodam-me sobre mim mesma. Tocam-se os narizes enquanto respirações ofegantes se cruzam ritmadas por peitos vibrantes... desliza a mão alheia, cintura, anca, coxa, joelho, puxa-me contra si...<br />Lábios que se tocam em recuos simulados... mordem-se, molham-se.<br /><br />Um ritmo apressa-se em compasso de tambor.<br /><br />Chão<br />Gelo<br /><br />Arrepia e evapora a pele hirta, em ponto de rebuçado...<br /><br /><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">"Quero-te"</span><br /><br />Não respondo, morre-me sempre a voz quando o corpo acorda.<br />Puxo o seu corpo para que se afunde em mim...<br /><br />Suor<br />Suspiros<br />Gemidos<br /><br />Febre que se escapa em cada poro do meu corpo<br />Ondulação <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_8">entre cortada</span> por beijos que constatam o inevitável<br /><br />Aqui<br />Agora<br /><br />Não somos nada além da vontade de quase morte, fogo que relaxa e contrai em desespero de êxtase...<br /><br />"Quem és tu?"<br /><br />...<br /><br />Eu?<br />Cinza que escorre dos lábios em silêncios partilhados.farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-87733079093558986082011-01-08T19:40:00.002+00:002011-01-08T19:45:25.239+00:00Spoiled[Are we spoiling it or are we just spoiled?]<br /><br />Mergulho no chuveiro sorvendo tragos de água fervente que me entorpecem os lábios.<br />Inerte permaneço abraçada a mim mesma, só.<br />Passeio as mãos pela cara e ombros... Sinto-me uma corda acesa prestes a explodir debaixo de água.<br /><br />[Compasso]<br /><br />Estás no meu peito, na minha boca, nas minhas mãos, viajas em mim como chama, e eu deixo.<br /><br />Estarei eu louca por sentir que bate certo?<br /><br />Deito o cabelo molhado no chão aquecido pelo fogo... brinco com as pontas espremendo-lhes gotas que deslizam em arrepio na pele...<br /><br />Olho as chamas que se debatem em vermelho e laranja, como dois corpos que unos em prazer exalam faíscas...<br /><br />[faíscas, hum...]<br /><br />Corpo fraqueja e estremece ao toque.<br />Cheiro<br />Boca<br />Voz<br /><br />Serei culpada por me perder em nós?<br /><br />[Ideia]<br /><br />A questão dobra-se e aninha-se no olhar de esguelha que fala prendendo a voz, no sorriso travado que partilha nadas tão repletos...<br /><br /><em>Não quero promessas ilógicas, mas quero, quero que fiques enquanto quiseres. Que encostes a mim os teus silêncios... sem que seja necessário dar-lhes um nome.<br /></em><br />[Are we spoiling it?]<br /><br />Brinca a brisa pela rua arrastando com ela restos...<br /><br />Eu? Eu deixo que a chuva me embale no silêncio de um corpo que aquece ao sabor do fogo com pequenos toques de lua.<br /><br />[Silêncio]<br /><br />Há uma nulidade que me esmaga o peito, como fogo que sofre ameaça de vento forte.<br /><br />Talvez seja a inevitabilidade que me acende o rosto... mas a vontade de precipício chega a todos.<br /><br />[Quero]<br /><br />Toques, enlaces, desvarios, calor...<br /><br />Quero fogo no ventre<br />Doçura no ouvido<br /><br />Quero que me leves,<br />arranca-me a mim mesma<br /><br />Voos dispersos...<br />Ficar em êxtase apenas mais uns segundos...<br /><br />Ser eterna apenas numa imagem...<br /><br />[Quero]<br /><br />I think we are spoiled.<br /><br />[te]farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4144747774639624943.post-91963221965952571042010-10-20T18:42:00.002+01:002010-10-20T18:49:05.452+01:00Conta-me uma História<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_jdbprfjs31c/TL8qzE40msI/AAAAAAAAAy4/Yb3oQ_CXfDQ/s1600/midnight_dreams.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 314px; height: 400px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_jdbprfjs31c/TL8qzE40msI/AAAAAAAAAy4/Yb3oQ_CXfDQ/s400/midnight_dreams.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5530185924408023746" border="0" /></a><br />Conta-me a história de um entardecer romântico...<br />de uma criança que brinca sem crescer...<br />de uma tarde que se esvai em roxo e ventania,<br />de um chão onde desenham pegadas.<br />De uma janela onde canta um rouxinol<br />De uma varanda onde toca um papagaio<br />De uma areia onde se perdem palavras na espuma<br />olhares na brisa... sorrisos no sal...<br /><br />Lembra-me que somos<br />Em que dia nascemos<br />Porque fugimos<br />Porque nos entendemos<br /><br />Fala-me de músicas que não fizeram...<br />cores que não descobriram...<br />cidades fora da Terra<br />um mar no céu, um céu no chão<br />Pisar nuvens onde agora há areia.<br /><br />Toca-me no ombro<br />apenas porque te apetece<br />apenas porque gostas<br />apenas...<br /><br />Pede-me um desejo<br />Pede-me um segredo<br />Pede-me um medo<br />um dia...<br /><br />Leva-me para longe<br />Leva-me para perto<br />Leva-me apenas... sem rasto<br /><br />Rasga-me as roupas e inventa-me outras<br />Corta-me o cabelo sem medida<br />pinta-me a cara sem padrão...<br /><br />Conta-me que a vida não é apenas respirar...<br />que caminhar não será apenas dar passos...<br />que Amar não é apenas dizer...<br /><br /><span style="font-style: italic; color: rgb(204, 204, 204);font-size:78%;" >imagem retirada do Google</span>farfallahttp://www.blogger.com/profile/12781372740402423429noreply@blogger.com3