quinta-feira, 1 de julho de 2010

Purpúria




sem voz
lábios, dedos.

como se abraço ou som fossem inúteis.

Eu vi, tudo em tons resguardados a véu opaco.

Escondeste os sons aos meus ouvidos, os dedos ao meu corpo,
não tinha dias, horas, tempo banido. Mas vi.
Vi e vejo os atalhos que cobrem as longas estradas que crias-te para nós
em terra batida e barrenta... Vejo as marcas que os meus sapatos de falsa história
deixaram para trás, e que não quero apagar.

Não viu, não vê, nem verá. Mas eu sim.

Inventei-te por entre todos os espaços vazios
Pintei fora das linhas... mesmo sozinha.

Escondi-te por entre madeixas e cheiros
e ouvi tudo o que não veio dos teus lábios
em outras vozes... mais desenhadas...
mais profundas... mais fantasiadas.

Não há fim para quem não teve início...
Não há dor onde ninguém se iludiu...
Não há nós em linhas que não se cruzam...

Há imagens baças escondidas por entre olhares perdidos num horizonte púrpura
e músicas que roçam bandas sonoras sem película.

Há a memória que inventa espaços vazios
e os olhos que molham tantos outros repletos de nada...

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