
uma voz perguntou "Como desaparecer completamente?"
Eu disse: "Tapas os teus olhos, como fazem as crianças quando brincam ao cúcú"...
Os acordes ouviam-se ao fundo... e senti-me entrar num outro mundo... um mundo em que brincar era o centro da existência
Imaginar mundos outros, fantasias incoerentes...
subir a uma árvore e fazer do ramo o meu navio
empurrar o baloiço e abrir os braços como se estivesse a voar...
roubar as roupas da minha mãe e pintar-me... fingir que era "grande"
Pensar tardes inteiras em quem ia ser quando crescesse...
Onde ia estar...
E no rodopio de uma canção... de livros... se passaram horas, dias, semanas, meses, anos...
E cresci... longe de tudo o que imaginei... apenas perto da fantasia.
24 anos que correm furiosamente rumo aos 25... e só a fantasia se mantém... as tardes perdidas olhando um horizonte que pinto com histórias sem sentido que guardo só para mim, que pinto apenas com as minhas cores...
E se fechar os meus olhos... continuo a fantasiar que ninguém mais existe... apenas eu, no meu mundo do nunca... que sempre ficou.
imagem retirada do google