“exorcizar
v. tr.
1. Pronunciar exorcismos para
expulsar demónios ou espíritos do corpo de. =ESCONJURAR
2. Bradar como quem esconjura.”
Exorcizar como quem
esquece. Pestanejar, processar e esquecer tudo o que se nos apresenta.
Pequenos
exorcismos.
Choro.
Gritos.
Suspiros.
Orgasmos.
Caminham connosco
nem sempre, mas muitas vezes, ao mesmo ritmo.
“Life doesn’t get easier, we just get
stronger”
Crescemos em
exorcismos paralelos. O leite materno, a chupeta, o colo, a resposta imediata
ao choro, as rodas sobresselentes.
Nem sempre é fácil
seguir em frente.
Acredito que nunca
é fácil crescer. Exorcizar da memória a lembrança da primeira dor, a primeira é
sempre a pior, a que rasga, a que, quase sempre, deixa a maior cicatriz.
Primeiro estalo,
primeira queda, primeiro medo, primeira desilusão.
Exorcizar a dor de
quem deixamos para trás para poder seguir em frente. Esquecer o nó que se cria
no peito.
Exorcizar a memória
de quando deixámos que retirassem as rodinhas que suportavam o pneu traseiro da
bicicleta. Porque queríamos uma maior… Ou apenas porque faz parte do processo
de crescer. Evoluir. Caminhar em frente, não retroceder.
Exorcizar quem
desaparece do nosso dia a dia. As memórias que nos ficaram delas. Exorcizar para esquecer, exorcizarmos do
corpo um pouco da dor de saber que não há corpo para abraçar, voz para
ouvir. Exorcizar que mesmo quando o corpo está por vezes o resto já partiu.
Exorcizar que erros são cometidos ao longo do caminho.
Exorcizar não será necessariamente
esquecer, mas alivia a tensão do corpo, treme a alma e fá-la entender que tem
que se reajustar, encontrar o seu espaço, o seu ritmo, mais uma vez.
Não. Exorcizar não
é esquecer. É seguir em frente, tremer, chorar, e guardar o que ficou para
continuar.
Não, a vida não
fica mais fácil, mas a verdade é que nos tornamos bastante mais fortes no
caminho.
Imagem de Dança Contemporânea retirada do Google.
Imagem de Dança Contemporânea retirada do Google.
Nenhum comentário:
Postar um comentário