quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

assenza

Entra.

Convido-te a entrar.

Senta-te na poltrona e ameaça-me a calma. Enche o copo com suspiros e esvazia-me os bateres do peito.

Pouso os lábios no copo de vinho. Vermelho como o sangue. Encorpado e com travo a... madeiras? Ou frutos silvestres?
Beijo o copo como se fossem os teus lábios. Quentes.

Sofre uma voz que escolhi como banda sonora.

O resto dispersa-se por entre espaços de silêncio pelo corredor.

O chão em madeira rectangular arrefece por entre o tempo que não é tocado.

Eriças-me a pele. Como gelo que toca em pedra quente.
Digo-o no espaço de um lábio que se morde. Mas não precisaria, porque o sabes.

Sinto o teu cheiro que se evapora por entre o respirar do teu peito. O teu e apenas o teu.
Não se confunde, mas divaga.

[I want you]

Passeio os dedos pelo meu pescoço simulando o que faria no teu corpo, se te tocasse, mas não estás...

Escorrem as últimas gotas pelo copo e deixo que me escorram pela boca como o desejo.

Quero o teu cheiro na minha pele.
O teu calor espalhado pelo meu corpo.
O teu sabor impregnado na minha boca.
TU.

Se te disser que te beijo em pestanejares, compreendes?
Se te disser que te falo em sorrisos, entendes?
Se não te disser, ouves?

"Sei que tudo é definitivo e nada é eterno." Disse ele.

Eterno o sabor
Eterno o sentir
Eterno o saber

Definitivo o indefinido
Definitivo o sentido
Definitivo o momento

Nada de nós em nós é eterno, definitivamente.


imagem retirada do Google

4 comentários:

Anônimo disse...

Hoje estou muito pragmático. Quando se quer dizer algo ou se diz ou não se diz. Não entendo meias-palavras. Talvez culpa minha.

farfalla disse...

aaah, talvez porque estas palavras não são para ti...

Anônimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=1ToNqlrMNVI&NR=1

Anônimo disse...

Admito que não escrevas para mim, mas não posso deixar de sentir. Quando nem tu própria sabes o que queres para ti como podes pedir que outros te auscultem a alma e decidam por ti o que não tens coragem para assumir. Evidentemente há em ti uma guerra entre cabeça e coração. Escolhe bem pois qualquer decisão que tomes, de hoje em diante será irreversível. A primeira pessoa que ocupar a tua vida ficará para sempre em ti marcada e possívelmente depois virão outros aos quais tu has-de sempre encontrar um pequeno defeito pois não se coadunam com a tua imagem pré-concebida do homem perfeito ou se quiseres do príncipe encantado. Os sonhos existem, temos que ter coragem e perseverança para os seguir. Há quem os siga cegamente, sem olhar para o lado e ver quem está consigo. Muitas vezes são esses que se perdem porque chega a um determinado ponto em que nos sentimos e estamos efectivamente sós. Nessas ocasiões também nós nos perdemos e chegamos à conclusão que o sonho que perseguimos não nos completará. Até se pode dar o caso de o alcançarmos mas, de que serviria viver uma vida supérfula? Os sonhos só fazem sentido se forem partilhados com quem nos bem quer.