
Entra.
Convido-te a entrar.
Senta-te na poltrona e ameaça-me a calma. Enche o copo com suspiros e esvazia-me os bateres do peito.
Pouso os lábios no copo de vinho. Vermelho como o sangue. Encorpado e com travo a... madeiras? Ou frutos silvestres?
Beijo o copo como se fossem os teus lábios. Quentes.
Sofre uma voz que escolhi como banda sonora.
O resto dispersa-se por entre espaços de silêncio pelo corredor.
O chão em madeira rectangular arrefece por entre o tempo que não é tocado.
Eriças-me a pele. Como gelo que toca em pedra quente.
Digo-o no espaço de um lábio que se morde. Mas não precisaria, porque o sabes.
Sinto o teu cheiro que se evapora por entre o respirar do teu peito. O teu e apenas o teu.
Não se confunde, mas divaga.
[I want you]
Passeio os dedos pelo meu pescoço simulando o que faria no teu corpo, se te tocasse, mas não estás...
Escorrem as últimas gotas pelo copo e deixo que me escorram pela boca como o desejo.
Quero o teu cheiro na minha pele.
O teu calor espalhado pelo meu corpo.
O teu sabor impregnado na minha boca.
TU.
Se te disser que te beijo em pestanejares, compreendes?
Se te disser que te falo em sorrisos, entendes?
Se não te disser, ouves?
"Sei que tudo é definitivo e nada é eterno." Disse ele.
Eterno o sabor
Eterno o sentir
Eterno o saber
Definitivo o indefinido
Definitivo o sentido
Definitivo o momento
Nada de nós em nós é eterno, definitivamente.
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