terça-feira, 18 de maio de 2010

Apud


havia um tempo, perdido no tempo do algures.. onde nenhures existia.

Cabia ao som marcar o compasso do passar... mas nada passava... trespassava eventualmente.

haviam caminhos sem trilho... passos sem marca...

deixámo-nos em compassos errados e errantes. escolhas desencontradas e quartos que queimam ao sabor da lentidão de um corpo que se funde.

Quem éramos no silêncio?
Quem fomos no fogo?
Quem somos na cinza?

havia um tecido que me abraçava em sentimentos não partilhados
e mãos que se colavam no invisível.

onde estão os restos?
onde guardas os segredos?
onde gritas os medos?

inverto o mundo e escolho o céu como chão.
deito a mão ao mar, acima de mim
e mergulho em voos de oceano
onde os peixes voam e as aves rastejam...

inverter o que sinto e nem no inverso encontro o fim

vou ao fundo do peito cérebro... torço-me em mãos de ossos... e continuas a soar-me a violino de peito quente...

se o tempo fosse outro
se o som fosse morto
se a voz do silêncio abafada...

estaríamos?

continuariam a ser as palavras do silêncio as que mais saudade deixariam?

Se não fosse eu, nem hoje
Nem tu, antes
Seriamos assim?
Estaríamos lá? Onde o chão está sempre 2 metros abaixo de nós?

Talvez no enfim, sem fim mas finalmente...
Onde a mentira é reticência de um final...

imagem retirada do google

3 comentários:

Anônimo disse...

Porque é que tudo tem de acabar???
Porque é que tudo tem de ter um fim ???
Encontramo-nos no infinito, sem nos tocarmos, mas podemos sentir o outro. Vozes que ecoam vezes e vezes sem conta, na minha alma, numa conversa muda e unilateral. Uma conversa que não nos deixa ver mais além e bendita cegueira que me deixa ver com os olhos da alma aquilo que os olhos da cara não conseguem.

lampâda mervelha disse...

Quando as reticências deixam antever o ponto final.




Mas é sempre bom voltar a ler-te.

Joaquim Maria Castanho disse...

ODISSEIA III


EUFALO...
( Eu falo do lado de lá do lá )
Partiu um dia
À procura de sua mãe.


E no calo
Da linguagem – EUCALO,
O calo da alegria –
Levava uma mulher de ninguém.


Percorreu montes e rios.
Fez viver flores onde
Se torrava a erva pelos frios
Havia a veste do pária e do conde.


Fez o riso e a dor
No seio pequeno novo
Correu como se fosse amor
De penetrar EULOUVO.


Eu louvo tudo quanto é belo!
( A mãe assim... Os seios livres e tomados...
A boca sugando... ) A língua?... O selo?...
A conquista de sermos conquistados.







E Eulouvo casou com Eufalo.
Fez um lindo par!
Inda hoje, Eucalo
Diz que a cerimónia foi amar.