sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Janela


janela aberta ao fundo do quarto.


corredor de memórias indecifráveis.


equívocos, mistérios, susurros.


chuva como banda sonora e vento a moderar a temperatura ambiente.


Lembra a menina na rua que indiferente à chuva escolhe percorrer o caminho ziguezagueado e azul escuro da calçada do passeio, enquanto os pais zangados chamam por ela mais à frente,


Lembra que outrora fora ela a menina que fugia de casa para dançar à chuva...


Escuridão rasgada por linhas de luz.


frio


frio


nada mais que frio.


sem som, sem cheiro, alheia ao que a rodeia.


Voam, da vida fora da janela, sons


[que ela não ouve]


invadem o quarto e preenchem-no


ela permanece


vazia.


há quem a olhe,

há quem a beije,

há quem lhe fale,

há quem lhe dê,

há quem lhe tire,

há quem a ame,

há quem lhe tenha ódio,

há quem a magoe,

há quem a escute,

há quem a cale,

há quem com ela cruze...


Vê-la-ão por entre tanto que a rodeia?


[ela não vê]


Aninhada no canto direito oposto à janela respira notas de vida que se escapam por entre o vento, de olhos fechados imagina como será o azul, como será o sorriso de quem voa por entre braços de conforto, de quem não rasga sons e segue sem olhar para trás...


[ela não é]



2 comentários:

Anônimo disse...

Já tinha saudades. Soube-me a borboletas e algodão doce ^^

Anônimo disse...

hiiiiiiiiiiiiirrrra.
Tens de deixar de tomar isso que tu tomas que te deve andar a fazer mal!!!
Poético com pitadas de loucura... indecifrável.