Pesa.
Pesam os dias, as horas, os minutos, os segundos, até mesmo as milésimas.
Pesa a natureza, árvores, flores, mar, rio, ribeira, riacho...
Pesa o dia, a noite,o amargo, o doce, vontades, decisões...
Questões pesadas à discrição.
Diria que o mundo é obcecado com o peso errado... quanto pesa o mundo?
Quanto pesa uma palavra, um sentimento, uma acção no teu mundo?
Quanto pesa um sonho ou mesmo um sorriso?
Quanto pesam as minhas letras? Demasiado eu diria... nada, dirás tu eventualmente
Pesamos o mundo de forma diferente.
Como podemos ouvir uma voz que não tem som?
Como podemos calar uma verdade não verbalizada?
Esquece...
Esquecer parece difícil, mas é mais fácil que a aparência eventual...
Lembramos com cheiros... somos animais afinal...
Proust lembrava o cheiro de um chá e consequentemente a madalena que o acompanhava... o cheiro despoleta a recordação...
Os corpos têm inerente um cheiro inconfundível, que permanece cravado na memória... o tempo, o mundo e o seu peso inerente podem apagá-lo, sem presença do corpo não há cheiro... sem cheiro... eventualmente tudo o que não é importante se esquece...
[SabiasQueHojeMorri?]
Em doçura que me escorregou pelos dedos para ser desperdício no chão, sem mão que a acolhesse...
[Sorriso]
Não dói a doçura sem corpo onde acoitar-se, engraçado mas de facto não dói...
Dói bem mais a saudade de ser o chão frio de pedra inerte.
Se ao menos o mundo não pesasse tanto... talvez o som fosse audível...
Silêncio permanece então.
[QuantoPesaARessureição?]
4 comentários:
All the best :)
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o que me incomoda em ti não é o teu silêncio mas sim sentir-te a gritar por dentro e não verbalizares tudo o que te vai na alma. Escondes-te por detrás de uma máscara e eu não te consigo ver. O medo de tudo o que poderá ser que te impede de me interpelares. Preferes continuar assim, numa vida morna e cinzenta que não vislumbra a luz ao fundo do túnel que todos perseguimos e desejamos alcançar. Se é essa a vida que tu queres, se é o cinzento te acompanha para todo o lado eu fico de fora a assistir como espectador [atento].
Desafio
Se algum dia quiseres ver-te livre do cinzento procura-me. Encontrar-me-ás porventura atarefado no meu quotidiano mas prometo que serei todo ouvidos para ti.
ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez e a desilusão de um quase.
é o quase que me incomoda. que me entristece. que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
quem quase ganhou ainda joga. quem quase passou ainda estuda. quem quase morreu está vivo. quem quase amou não amou. basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos. nas chances que se perdem por medo. nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. pergunto-me às vezes o que nos leva a escolher uma vida morna. ou melhor não me pergunto. contesto. a resposta eu sei de cor. está estampada na distância e frieza dos sorrisos. na frouxidão dos abraços. na indiferença dos "bom dia" quase que sussurrados. sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. a paixão queima. o amor enlouquece. o desejo trai. talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor. sentir o nada.
mas não são.
se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. o nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance. para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém preferir a derrota prévia e duvida da vitória e desperdiçar a oportunidade de merecer. para os erros há perdão. para os fracassos, chance. para os amores impossíveis, tempo. de nada adianta cercar um coração vazio ou economizar a alma. um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
não deixo que a saudade sufoque. que a rotina acomode. que o medo impeça de tentar. desconfio do destino e acredito em mim. gasto mais horas realizando que sonhando. fazendo que planejando. vivendo que esperando.
porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
pergunta:
como poderia econtrar-te?
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