No canto esquerdo, bem no escuro, ao fundo da sala ele se esconde.
[Consegues vê-lo?]
E não estás. Nem na dor que me queima o peito e me verga a espinha nem na lágrima que me aquece o rosto em queda livre. Nas mãos que cerro ao saber, nos dentes que cerro à voz. Não, não estás aqui. Não comigo.
Bem no fundo da sala é onde te escondes... alinhavas-me sem que me vejas devidamente.
[Consegues vê-lo?]
Vejo-te sem o ver. Escondido. No fundo. No negro. No silêncio dos pontos de fuga...
A fogo lento queimo a alma que corre para ti.
Vermelho, apenas vermelho permanece no horizonte.
E tu? Tu escondes-te na escuridão...
Não é que não respire sem ti, nada de dramatismos excessivos, vivo sim. E faço-o bem. Mas já dizia alguém que sobra ar. E sobra de facto. Sem dono... sem sonho onde acoitar-se.
E não estás. Comigo.
[Suspiro]
Estar só é vício, habituei-me e não minto que gosto mas apetece-me um sopro no pescoço e um arrepio na espinha.
E não sabes.
No escuro te escondes. Te aninhas. Me acenas.
Sem mãos danço para ti, em voos baixos... rodopiando no ar que sobra, abraçada a mim, sem pés onde pousar os meus.
Sangrando nada além de ausência morro no teu peito... morro à medida que o cheiro se esvai do meu corpo, o teu cheiro.
[Não me faltas tu]
[Falta-me ele]
[Falta que ele viva em ti.]
Consegues ver-me daí?
...
6 comentários:
A distância ou ausência que mesmo sendo dos outros começa em nós.
Bj
anda aí fera na área...lol
Consigo sentir-te serve?!
;)*
Não sei porquê mas gostei particularmente do "aninhas"...
Sabes bem dizer-te, sem dizê-lo em outro nome. Sabes bem (d)escrevê-lo, sem que o faças fora de ti.
É bom ler-te e tudo o que isso implica.
joão vasco:
quando falamos de sentimentos sim.
lagarto:
;)
adore:
claro que sim ;P
blogmate:
gosto de gostos particulares
lampâda mervelha:
derreti......(",)
o que implica? hum... fiquei curiosa ;P
_Baci_ a todos
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