domingo, 9 de setembro de 2007

terra do sempre



Existe na terra do sempre um cantinho onde o sol nunca se põe, onde ele nunca nasce também… está sempre à espreita qual mistério existencial. Lá atrás das árvores esconde-se um mundo onde o sol brilha… onde quem está do lado de cá nunca poderá ir.

A Chuva vive do lado de cá. Já não se lembra quantos anos tem, nem mesmo quando nasceu, a idade foi algo que se perdeu com o tempo. Ela gosta de brincar em cima do lago, sempre que lhe apetece bate os seus pés em cima dele sem deixar que ele a apanhe… o seu passatempo preferido é mesmo provocá-lo para depois fugir para junto das árvores, apenas porque sabe que lá o lago não consegue chegar.

O Lago também vive do lado de cá, sabe que é velhinho, o resto nem se atreve a dizer. Passa os dias a olhar para o céu, um céu onde o sol não brilha mas onde também não é noite. Perde horas a pensar como seria se pudesse ver o sol ou a lua… horas que são interrompidas pelas criancices da Chuva que nem com a idade perde o seu jeito de menina.

As Árvores são as únicas que conhecem o lado de lá, mas não falam, por muito que a Chuva ou o Lago perguntem o que existe “lá” elas passam os dias a limpar as suas folhas, não fazem mais que isso…

A Chuva acha que do lado de lá está um sítio encantado… onde príncipes e princesas dançam ao som de violinos e são iluminados pelo sol. Sempre que dança em cima do lago imagina-se com um vestido de princesa, a rodopiar pela mão do seu príncipe…

O Lago acha que do lado de lá está a lua e o mar, perde horas a imaginar as conversas que ambos têm e gostaria de um dia poder fazer parte de uma delas… apenas de uma…

Do lado de lá está o sol e todo um outro mundo, do lado de cá a Chuva, o Lago, as Árvores, o sol que nunca nasce nem se põe (apenas existe) e acima de tudo os sonhos…

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