A música soa de fundo, faz gingar a anca. Danço descalça no chão sujo que me escurece os pés e me faz deixar marcas quando passo para o chão limpo, deixo-me rodar ao sabor do som, rodopio, rodopio, rodopio. Abraço o vento, a única companhia que hoje permito… rodo e abraço o mundo que já tocou este vento. Os pés marcam a dança que se perde. De olhos fechados sigo o som da ginga inocente. Vida leve e feliz a destes pés que dançam. Dançam e esquecem as pegadas que antes marcaram, apenas esta dança importa. Não há vida além disto, danço e sou livre, sem memória e ri-o, como ri-o. Momentos de felicidade que nos invadem, para quê pensar no resto, estou feliz agora, não quero importar-me com o facto de que ela eventualmente irá acabar, quero apenas dançar. A anca continua a dançar, a música que se perde no espaço embala o sorriso e as lágrimas que caem da felicidade que tal simplicidade permite. Ninguém me conhece além do vento, das lágrimas e desta música que me faz gingar, sinto o cabelo acariciar-me a pele. Como sabe bem ser refúgio de mim mesma nesta ginga sem fim, apenas eu e o cenário onde danço. A saia roda ao sabor da ginga, abro os braços ao vento e danço. Estes pés descalços e sujos que marcam um momento. Não quero que acabe, quero dançar assim para sempre, neste momento… rodopio com a saia e o cabelo que me acompanham… mas a música chega ao fim e a anca pára com ela. O vento continua a soprar o cabelo e a saia, como que a incentivar-me a não parar, mas sem música os olhos abrem e o sorriso afrouxa, a lágrima cai. Olho o chão sujo dos pés que aqui dançaram, o sorriso volta, posso não voltar a dançar hoje, mas a música e esta dança poderei sempre repetir… um dia… num outro cenário…
quinta-feira, 12 de julho de 2007
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