segunda-feira, 29 de junho de 2009

souhait


[Suspiro]

Apetece,


por entre os poros escorre desejo... a conta gotas desliza pelo corpo...


pelo cabelo
pelos olhos
pela boca
pelo pescoço
pelos ombros...


Acaricia-a em tom caramelo achocolatado e escorre...


[Suspira... ]


O desejo aquece o peito e fá-la arfar
Rebola pela cama e amassa os lençóis...

quer sentir a presença na almofada
o calor no lado oposto da cama


Fogo que silenciosamente explode dentro de si


[Arfa]


Quer presença
Quer ter o corpo para colar à parede
Com o qual deslizar pelo chão
Quer sentir o toque...
O calor que funde num só...
Quer enterrar os dedos na pele
Morder os ombros
Puxar os cabelos
Perder o ar


...

Sentir...


Quer...


é vermelho laranja curvado na nuca
é amarelo fuschia rasgando o peito
é furacão aninhado nos lábios


e azul... azul no olhar cerrado que esconde de tudo o resto...

[Suspiro]

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Diferente


E assim ficou. Nadando em torno de círculos de areia.

sonha
recua
avança
saltita

céu
azul
azul
mar
cheiro a mar
grãos de areia
azul
ondas

Dança... Embala-se por entre o vento, brinca com os salpicos que a tentam alcançar e ri ao sabor desse som sem definição... um tom agudo, profundo, som...

o mar molhou-lhe os pés e sentiu-os enterrar na areia impedindo-a de rodopiar... e gostou... gostou que algo a fixa-se... pela primeira vez

sem rodopiar

sem saltitar

Sem círculos.


Diferente... foi um número diferente...

[A]penas que deslizam por entre asas

terça-feira, 16 de junho de 2009

Res Aliena


Escorregou da Lua.

Rebolou pelas estrelas até aterrar.

Descobriu não saber andar.
Descobriu não saber comer.
Descobriu não saber respirar, sorrir ou mesmo olhar.

Nem por isso se travou.
Seguiu.
Sentiu.
Provou.

Em espuma de incertezas caminhou buscando as interrogações das quais origem não sabia e das quais medo não sentia.

Pequena bailarina por entre uma verdade abstracta. De maneira exacta aprendeu a saltitar tudo o que no seu destino surgiu, ainda que sem o perceber.

[Espelho]

Onde estás?
Quem foste?
Quem és?
Quem serás?

Sinto falta de ti que não conheci, gosto de ti presente, da mesma forma que só tenho que agradecer ao que agora é passado.

[Noite]

Fogo escorre pelo pescoço em sentido contrário. Sopra ao ouvido estremeceres roucos. Molha os lábios e espalha calor. Roda um corpo contra a parede e impede-o de mexer. Olhares, apenas olhares por entre o resto.

[Suor]

Quem serás?
Onde estás?
Quem és?
Quem foste?

[Silêncio]

Reticentemente se aninha sobre si… olha as mãos e os seus desenhos, caminhos… serão sempre não mais que caminhos.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Mariposa


Som de nada no fundo do círculo.

Dançam rodeados de vento azulado lúcido.

Quem são?
Quem sou?

Silêncio pontiagudo rasga sons que rodeiam o limite do espaço.

Pára
Olha
Roda
Toca
Busca
Desespera

Sem saída….

Completamente sem saída…

Vejo-a no cume do raio. Aninhada. Assustada. E contudo… feliz.

Vi-a outrora sem chão, sem piso para marcar, sem caminho, sem noção… vi-a só e querendo manter-se só. Sabia que talvez pudesse ser mais, mas ficava. Ficava sempre. Vi-a pequenina… semente, sim, semente, observei de onde veio e onde está. Feliz.

Há dúvidas que pairam

[Sempre]

Pondera o final.
Matar o espaço.
Rasgar
Libertar as asas
Voar

Conseguirá voar?

Arrisca.
Rasga o casulo.
Vai.

Voa Borboleta…