quarta-feira, 11 de março de 2009

Desiderio


Corrói.

Amarra.

Estilhaça.

Rompe.

Estala!

Há uma luz escura que envolve o momento.

Cama mexida e nua ocupa o fundo de uma divisão.

Fogo. Calor. Suor. Sexo!

Há um caminho indefinido que chama, não é mão, não é voz, corpo, desejo reflectido no olhar.

Espinha amarrada ao ventre em borboletas, nuca inquieta, pele esquentada.

Quero.

Toque. Enlace. Quebra. Gosto. Roda. Sentir.

Faísca. A espinha caminha mecanicamente nessa direcção.

Leva-me. Arranca-me a mim...

Abandona o mundo e leva-me em silêncios que sussurram suspiros, faz-me tua em estremeceres suados.

O corpo evapora contra a parede fria. O peito arfa de encontro ao meu pescoço.

Não quero ver-te, apenas sentir-te.

Quero comer-te a boca em colheradas fartas, quero cravar em ti as unhas até que rompam a pele.

Quero-te em remoinhos aninhados que adivinham furacões.

Em mim, sobre, em torno, dentro, fora.

Rasga-me a alma e amassa-me o desejo...

Mata-me em voo de borboleta com asa queimada...



Sim?