quarta-feira, 18 de junho de 2008

Outrora


Passava já da meia noite e a lua estava alta e cheia, linda como sempre, mas especialmente linda neste momento. Num carro sem dono seguia ela...

Outrora fora menina que fazia pendentes de sonhos e os colava no tecto, gostava de adormecer a olhar para os seus sonhos.
Outrora fora menina que brincava sobre estrelas que escondia debaixo da cama...
Outrora fora a menina que escondia em caixas tudo aquilo que lhe dava prazer em estar viva, guardava segundos de sorrisos, pedaços de palavras, sentimentos silenciosos e os sonhos... sempre os sonhos... aqueles que nunca contou a ninguém... abstractos demais para que um som os pudesse traduzir.
Outrora fora de facto semente, como disse a deusa Íris... semente...
Outrora começou um caminho no qual tanto tropeçou.
Outrora tentou o voo sem saber ainda como abrir os braços e neles deixar crescer asas...
Outrora foi e sonhou ser tanto que não sabia...

Passava já da meia noite e ela seguia num carro , rodeada de vozes quentes e acolhedoras, quis tanto abraçá-la e dizer-lhe em suspiro ao ouvido... "Estou orgulhosa de ti".
Se da lua cheia onde está ela me estiver a ver sei que sorri... Sei agora deixar as minha pétalas voar no vento...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Je ne sais pas


Sinto o vento que se adivinha.

Je ne sais pas

Onde ficam os minutos de silêncio que te escuto.

Je ne sais pas

Onde ficam os voos que sinto nos teus braços.

Je ne sais pas

Onde escondo o medo que sinto no teu olhar.

Je ne sais pas

Onde guardar o reflexo que tenho do que vejo em ti.

Je ne sais pas

Quem escondes aí, aí mesmo nesse semi sorriso que desenhas nos teus lábios.

Je ne sais pas

Quem vês quando me olhas através do toque.

Je ne sais pas

Que caminho é este que decido seguir através das tuas pegadas.

Je ne sais pas

Quando virá o furacão

Je ne sais pas

Que lágrimas são estas que adivinho neste insaber que sinto próximo

Je ne sais pas quest-ce que c’est ça mais je sais que je veux voiret vivre

Avec toien moi maintenant

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Ofereço-te


Ofereço-te o meu segredo.

[invertido]

Ofereço-o a meio da dança de olhares. No exacto momento em que te preparas para pestanejar.

[esquecido]

Ofereço-to sem pedir nada em troca.

Ofereço-te porque me apetece um acto de altruísmo que vá contra o habitual.

Ofereço-to porque talvez o possas entender.

[irracional]

Ofereço-to porque em cada pestanejar há sempre algo que se perde. Perdes o olhar por isso ofereço-te o segredo...

[cego]

Ofereço-te o meu segredo aninhado em silêncio na palma da minha mão...

[em nadas]